Os últimos dias têm sido marcos por notícias e expectativas mirabolantes sobre o retorno de Donald Trump à Casa Branca. Os aliados do ex-presidente Trump estão disseminando a informação de que ele será “reintegrado” como presidente no dia 13 agosto.
A ideia – sem nenhuma base na esfera legal – foi lançada por pessoas próximas ao ex-presidente, incluindo o advogado Sidney Powell, que está sendo processado por suas alegações de que Trump foi trapaceado na reeleição por uma conspiração envolvendo operadores de urnas eletrônicas e líderes comunistas da Venezuela.
Embora a teoria tenha sido amplamente descartada, relatórios oficiais sugerem que ela está sendo tratada com seriedade por alguns dentro da Casa Branca.
Há uma séria preocupação com a previsão porque alimenta a falsa narrativa de que a eleição foi surrupiada de Trump e, portanto, levanta temores de outra reação violenta de seus fiéis seguidores.
É a realidade da maluca América de hoje – um país que se vê a braços com súbitos piques de histeria de lunáticos e religiosos, capazes de convulsionar a vida da nação e atrair para Washington a preocupada atenção da maior parte do mundo.
Na origem desse pesadelo já prolongado e cada vez mais delirante está a onda conhecida como a nova extrema direita – bizarro amontoado de militantes, como programa de ação, nada menos a destruição de um mundo mais fraterno e justo, a liquidação do socialismo e a construção de uma sociedade mais branca e pentecostal.
Poderia ser apenas uma extravagância, se os seguidores do movimento, como outros tantos que irromperam aqui e ali nos últimos anos, não tivessem decidido seu programa ideológico através do crime – e, autonomeando-se árbitros da vida e morte de incautos cidadãos, passado aos ataques pessoais, assaltos e destruição do patrimônio público.
A eleição de Joe Biden, pelos caminhos legais, marca um importante passo na resistência ao nazismo do século XXI.
O desfecho de tal projeto interessa a todos – não apenas aos Estados Unidos. A esperança é que a sociedade norte-americana encontre dentro das próprias estruturas democráticas de seu regime, rigorosamente preservados durante os últimos séculos, os remédios mais eficientes e eficazes. Em outros momentos de crise e incerteza, essas estruturas foram testadas com sucesso e os americanos puderam vencer seus problemas e desafios sem ter que sacrificar as liberdades individuais.
É verdade que, agora como em ocasiões passadas, ganham força os mensageiros da catástrofe, sempre exorando que a sociedade se refugie sumariamente no arbítrio e se engaje no espiral da brutalidade. Mas dentro das corretas democracias, felizmente há enérgicas correntes assinalando em sentido contrário. Sua vitória sobre Trump e sobre a tentação autoritária, ao mesmo tempo, será uma lição valiosa para o resto do mundo, principalmente para o Brasil de Jair Bolsonaro.