A questão de se Jair Bolsonaro é mentalmente incapaz para ser presidente – ou, para ser mais franco, se ele sofre de um sério transtorno mental – não deve ser encarada levianamente, mas às vezes parece destinada a ser tingida de comédia, ou melhor, tragédia.
Bolsonaro é o tipo de fanfarrão pervertido que inspirou centenas de diplomatas estrangeiros a brincar de psiquiatra de poltrona. Eles o colocam no divã durante todo o mandato de sua presidência.
O presidente, como explica a psicologia da Personalidade, é um narcisista maligno. Bolsonaro apresenta diversos sintomas de uma pessoa que sofre de um sério distúrbio mental. As suas paranoias e mania de perseguição – a sensação de que qualquer jornalista que lhe faz uma pergunta desafiadora, ou qualquer membro da equipe quem não puxe o seu saco, está atrás dele; seu transtorno de personalidade antissocial – a mentira constante, a falta de remorso até mesmo pelas coisas mais destrutivas que ele executa; o sadismo – os milhares de ataques e insultos cruéis em seus discursos e entrevistas; o seu narcisismo.
Em sua mente é válida a ideia de que um dano está lhe acontecendo ou muito em breve vai acontecer. É como se a mente o colocasse em uma posição de acreditar que é o centro do mundo.
Além disso, a trajetória pessoal e profissional do presidente registra sua propensão para criar e viver em sua própria realidade. Explora sua ausência de empatia – que, claro, é a qualidade definidora do sociopata. Eles não são loucos; eles simplesmente não se importam com você – ou qualquer outra pessoa. E isso o compara a Ustra, Hitler e Mussolini, e aos líderes autoritários de nosso próprio tempo. Tanto diversos membros da família, como amigos e empregados encontram dificuldades e inúmeras barreiras – legais ou morais – em terem uma rotina normal com Bolsonaro.
Todos nós sabemos que avaliar transtornos mentais é de responsabilidade apenas da área de saúde. Há uma regra básica que psicólogos e psiquiatras não devem oferecer diagnósticos de figuras públicas que eles não analisaram pessoalmente.
Mas há uma diretriz menos conhecida na área médica, rotulada de Regra Tarasoff, que impõe o dever dos psiquiatras de alertar as pessoas apropriadas quando um paciente pode apresentar sérios risco de danos. O caso Tarasoff, de 1969, dizia respeito a um paciente que disse a um psiquiatra que iria matar a sua namorada. As autoridades não foram comunicadas, e o paciente acabou cometendo o crime. Agora é uma lei na maioria dos estados americanos que se um profissional da área de saúde está ciente de uma ameaça potencial, ele tem a obrigação moral e legal de tomar todas às providências necessárias, isto é, comunicar às autoridades competentes.
Profissionais da área de saúde mental afirmam que, no caso de Bolsonaro, isso se aplica de forma absoluta. Se não falassem, seria imoralidade e falta de compromisso social. Ele pode ser o presidente mais observado e analisado em todos os níveis da história brasileira. Mas se um profissional capacitado conduz uma entrevista pessoal com, digamos, um sociopata, é da natureza deles mentir sobre si mesmo, e apresentar o mundo da sua forma distorcida. Portanto, dada a gravidade do momento atual, por que os psiquiatras e psicólogos não deveriam se manifestar num momento tão delicado do país?
Cientistas políticos afirmam que certas doenças mentais não devem desqualificar ninguém para o ocupar a presidência. A história registra milhares de líderes que tiveram “sérios distúrbios mentais”.
Mas o narcisismo maligno é, em uma palavra, maligno. Autoridades mundiais interpretam os ataques do presidente à mídia, à oposição e às minorias – seus assaltos aos fatos, à própria realidade – como uma forma de delírios e alucinações, porque eles se tornam um contorno de distorcer deliberadamente o senso do público sobre o que é real e o que não é. E historiadores afirmam como a falta de lealdade de Bolsonaro – todas as pessoas que ele contratou e demitiu – é um reflexo direto da sua ausência de empatia. O presidente brasileiro não tem conexões humanas.
Um diplomata norte-americano, que serviu no Brasil, destaca que deu a Bolsonaro o benefício pessoal da dúvida, mas decidiu, no final da sua estada no país, que ele é, de fato, um racista – e quanto sua vontade política e retórica se sobrepõem às de Ustra, Mussolini e Hitler. Segundo ele, Bolsonaro toma emprestado de Hitler um truque – a repetição de frases diversas vezes. Essas questões, é claro, nunca saíram do centro do debate de Bolsonaro, e você não precisa brincar de psiquiatra amador para observá-los.
Onde o círculo se fecha, trazendo o estado mental de Bolsonaro de volta à política, está relacionado à questão de uma intervenção militar. Bolsonaro seria o próximo ditador? Essa é a pergunta mais assustadora e inquietante que os brasileiros podem fazer sobre ele, e se a resposta está centralizada em seu estado mental, também é, potencialmente, a expressão mais pura e correta dele. Se as lideranças militares caíssem no conto da sereia, isso confirmaria os piores temores sobre seus demônios mais loucos.
Todos nós sabemos quantas lorotas Bolsonaro contou e quantas vezes ele trafegou nas estradas da ilegalidade no cargo de presidente – e durante toda a sua medíocre carreira política. É só fazer uma pesquisa nos arquivos da imprensa brasileira. Mas, além da rudeza de sua fraude diária, Bolsonaro destila tantas mentiras, a ponto de ele realmente acreditar em várias delas.
Em que realidade Jair Bolsonaro está vivendo? Se os incautos cidadãos tivessem a resposta para isso, eles poderiam dar o nome de um novo transtorno mental, um que ele provavelmente ficaria orgulhoso de ter seu nome.