Tucanos afiam bicos para dar bote na presidência da República

Distante do Palácio do Planalto desde que FHC deixou a Presidência da República, em 2002, o PSDB quer voltar a ser protagonista da política brasiliana

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o governador de São Paulo, João Doria - Foto: Governo de SP / Divulgação

Os tucanos estão afiando os bicos para os próximos embates eleitorais. Numa análise da conjuntura, concluíram que o melhor caminho para a terceira via é criar uma estrada ampla em que caibam todos os pretendentes e levar a decisão para o segundo turno. Para isto é preciso tirar da frente uma das duas candidaturas já postas, do presidente Jair Bolsonaro ou do ex-presidente Lula da Silva, que estão ocupando todo o espaço, deixando outras alternativas sem possibilidades concretas de chegarem ao segundo turno.

O ex e o atual presidente da República. Lula e Bolsonaro, por enquanto, largam praticamente sozinhos à corrida sucessória de 2022

O PSDB concluiu que a única porta de entrada na liça é o impeachment do presidente Jair Bolsonaro, criando a barreira da inelegibilidade. Então os tucanos e demais esquemas poderão disputar entre si o segundo lugar para se baterem contra o líder metalúrgico. Neste caso, tendo êxito na estratégia, mais uma vez a disputa final será entre PT e PSDB. Uma jogada de xadrez do tipo roque, que muda de uma hora para outra as peças no tabuleiro.

A proposta ainda não tem unanimidade no partido, mas aves de penas mais emplumadas estão trabalhando neste sentido, com a certeza de que em 2022 Lula não será um adversário tão temível, podendo ser derrotado com a soma de rejeições às esquerdas e com os apoios aos segmentos moderados. É um projeto ousado, mas que pode mudar o quadro, tirando a frente, dizem, essas nuvens ameaçadoras do sectarismo da direita bolsonarista.

Neste sentido, o partido chega às vésperas das prévias, marcadas para o fim do mês. Essas primárias, segundo o senador Izalci Lucas, líder do PSDB no Senado, não devem ser vistas como elemento divisionista, pois estão nos estatutos do partido. Ou seja, estão dentro de um modelo pensado quando se formou o partido, justamente para dirimir dúvidas e procurar a unidade, diz o parlamentar do Distrito Federal.

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, pré-candidato a presidente da República, em seu gabinete no Palácio Piratini, em Porto Alegre
Aécio Neves e a esposa Letícia Weber – Foto: Orlando Brito

Já na semana que vem os dois candidatos mais bem articulados devem estar na capital, João Doria, governador de São Paulo, e Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul. Os dois estão juntando forças. Doria, com o comando paulista, é tido como o nome mais forte. Entretanto, Leite conseguiu o apoio de Minas Gerais, aproximando-se de uma situação de equilíbrio. É preciso não esquecer que o comandante dos tucanos mineiros, o deputado federal Aécio Neves, tem fortes laços com o Rio Grande do Sul, a começar por sua mulher Letícia Weber, e um extenso círculo de relações pessoais com gaúchos e catarinenses. Sem contar que é o arquiadversário de Doria no PSDB. Isto o aproxima do governador do Rio Grande do Sul.

Admitindo que a disputa tende ao empate, os analistas dizem que o fiel da balança será Mato Grosso do Sul, um estado com robustos laços econômicos com São Paulo, mas com forte influência cultural e étnica de gaúchos. As cartas estão na mesa.

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