Alguém precisa parar Bolsonaro imediatamente. Os surtos do capitão estão cada vez mais perigosos. Depois de desdenhar da pandemia do coronavírus, estimular aglomerações sem máscaras, uso de remédio sem comprovação cientifica e até mesmo a invasão de hospitais para provar que os leitos estavam vazios e que tudo não passava de um golpe de governadores e prefeitos para desviar dinheiro da saúde, o presidente agora passou de todos os limites: politizou a vacina, única esperança para milhões de brasileiros.
A postagem nas redes sociais – provavelmente escrita pelo Carluxo, até pela bandeira de se referir ao presidente como outra pessoa — comemorando uma suposta vitória sobre o adversário João Dória por causa da decisão da Anvisa de suspender os testes com a vacina chinesa produzida pelo Instituto Butantã, é de uma mesquinhez poucas vezes vista na história da humanidade. Com esse tipo de atitude, Bolsonaro demonstra claramente que se preocupa apenas com suas conveniências e interesses políticos, eleitorais, ideológicos e pessoais.
Mesmo depois de revelado que o voluntário se suicidou, o que nada tem a ver com a eficácia ou não da vacina, Bolsonaro não teve a dignidade de se retratar. Como em todos os outros momentos dessa pandemia, ele continua a demonstrar que o zelo pelo interesse público e o bem estar da população não faz parte de sua luta. Ele segue obcecado pela reeleição em 2022, sequer lembra da promessa na campanha de 2018 que não iria se candidatar de novo.
A derrota do grande guru Donald Trump nas eleições norte americanas parece ter deixado Bolsonaro ainda mais desnorteado. Talvez por isso sua birra com a CoronaVac – em parte derivada do fato dela ter sido desenvolvida por uma empresa chinesa, a SInovac – tenha crescido tanto. Mesmo que também sejam produzidos na China os principais ingredientes da sua predileta vacina de Oxford.
A origem chinesa é uma cortina de fumaça. O fator de implicância com a vacina em parceria aqui com o instituto Butantan, referência no Brasil e no mundo inteiro, tem nome e CPF: João Doria, governador de São Paulo. Bolsonaro não quer colocar azeitona na empada do tucano, provável rival na campanha presidencial de 2022, quem escolheu como principal adversário político. Por isso vem combatendo a “vachina”, como chamam os bolsonaristas, com tanto empenho.
O presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, vai ter muito o que explicar por ter decidido suspender os testes com a vacina alegando um “evento adverso”, embora tenha se tratado do suicídio de um dos voluntários. Ou seja, um “evento adverso”, mas sem relação com os resultados dos testes.
Pelo cronograma dos fatos até por sua própria versão, a Anvisa agiu rápido para segurar a Coronavírus e muito lenta para voltar atrás.
Depois que nessa terça-feira até o Comitê Internacional que analisa todas as vacinas em experiência no mundo recomendou a retomada dos testes no Brasil a Anvisa ficou sem chão. Pisou na bola ao não revogar a suspensão com a mesma velocidade com que mandou parar. O discurso da independência não para em pé se não for sustentado por atos.
Ao tentar impedir o avanço da vacina produzida pelo Butantan boicotando todos os esforços para que ela comece a ser aplicada em breve na população, Bolsonaro também demonstra que não tem limites e que alguém precisa para-lo.
Caberia ao Congresso esse papel, mas dificilmente deputados e senadores, mais preocupados em eleger seus prefeitos e garantir suas bases eleitorais para o próximo pleito, farão alguma coisa. Certamente terão discursos, notas de repúdio, frases de efeito postadas nas redes sociais. De concreto, absolutamente nada.
O Judiciário, por sua vez, é outro que não deve se movimentar contra o presidente da República. Claro que os juízes só atuam por provocação, mas alguém acredita que o Procurador-Geral da República, Augusto Aras, vai mexer alguma palha para cobrar explicações de Bolsonaro?
Resta-nos apelar à Associação Brasileira de Psiquiatria – ABP, para que algum profissional apresente um laudo constatando a total incapacidade de Bolsonaro de governar. Quem sabe assim ele seja interditado e o país possa ter um pouco de paz. O Brasil não aguenta esperar até 2022.