Para além do cargo

A obsessão pelo Olimpo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante cerimônia de posse, no Palácio do Planalto - Foto Marcelo Camargo/Agência Brasil
Manifestantes saem às ruas em 26 capitais em atos de apoio ao presidente Bolsonaro e contra STF – Foto Reprodução Tv Globo

Quando Lula foi eleito, não foi uma vitória qualquer. Nem apertada. Foi gigante. Afinal, a maior máquina eleitoral jamais vista foi derrotada. A extrema-direita não teve prurido para arrebentar todos os parâmetros estatais para corromper a votação. Não adiantou. O país reagiu, unindo antigos adversários para evitar o que seria uma catástrofe: a reeleição de tudo o que o bolsonarismo significa.

E Lula foi o candidato escolhido para enfrentar as forças das trevas. Não por suas qualidades, mais por ser o único capaz de vencer. Porém, parece que o velho e tarimbado político não entendeu assim. Descontando a fase necessária para desopilar o fígado, depois de quase dois anos preso, agora chega desse messianismo.

Nelson Rodrigues – Foto Imagem do Fundo Correio da Manhã/Domínio Público

Nelson Rodrigues – sempre citado, lido ás vezes -, feliz com a estreia de uma peça elogiada pela crítica, exclamou:

– Se a mulher amada me cumprimentasse, a desconheceria.

Cito de memória o exagero retórico do escritor. Mas serve para ilustrar, por analogia, o sentimento que toma conta de Lula. Não basta ser o primeiro operário a chegar à Presidência da República três vezes, ser respeitado no mundo. Tudo parece pouco. Quer estar no mesmo patamar de um Mandela. E parece ter perdido o senso de limite. Tenta lustrar a biografia e, por soberba, pode tê-la tisnado de forma definitiva ao bater palmas para um ditador inepto, sanguinário, como Maduro.

Falta um grilo falante no ombro de Lula alertando para o perigo que ronda a democracia. Afinal, a cadela do fascismo está sempre no cio.

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