O sado-bolsonarismo e o gado-masoquismo à solta pelo mundo

O autor releu dois célebres autores, Marquês de Sade e Sacher-Masoch, para compor suas analogias com o Brasil do século 21

O presidente Jair Bolsonaro passeia pelo centro histórico de Roma seguido por sua comitiva e apoiadores - Foto: Alan Santos / PR

O pior ser humano a ser presidente do Brasil tem humilhado o país e a seus habitantes por ruas, salões e eventos pelo mundo afora. Tem se degradado pessoalmente, também, à frente de líderes, instituições e do povo em geral.

É a cólera dos deuses contra todos os princípios éticos da humanidade.

E nem liga, sem vergonha que é. Orgulha-se (e seus seguidores também) desse processo de autoimolação através da degradação política, social e humana. A soberba da sua putrefação política embala a humilhação grupal dos apocalipses cotidianos.

Quem quiser entender o “fenômeno Bolsonaro”, o “bolsonarismo” e o neonazismo
macunaímico, não deve recorrer aos mecanismos tradicionais do jornalismo e da ciência política. Esses métodos estão aquém do necessário. São para cenários e conjunturas dentro das normalidades históricas.

Bolsonaro no bate-papo com Recep Tayyip Erdogan, presidente da Turquia, durante o encontro do G20, no vídeo do jornalista Jamil Chade, do UOL

Estamos todos perplexos, boquiabertos, com o “todo dia tem coisa ainda pior”. Se quiserem, podem fechar a boca, retorcer olhinhos e pensar “Quem sabe é por aí…” e
lançar mão das ferramentas intelectuais dos pervertidos. Métodos para entender a excreção cósmica que veio das associações entre os piores da raça.

A opção é procurar autores inusitados, interdisciplinares e escatológicos, nos dois sentidos. Recomendo, de meu lado nada sério, como um exemplo para este estudo de caso, o múltiplo talentoso Donatien Alphonse François, o Marquês de Sade, este libertino político e escritor do século 18.

A figura bolsonarista e a de seus seguidores repugnantes só se descortinará sob
as intensas luzes das velas do pervertido nobre francês e dos seus pingos calientes sobre nossas inocentes epidermes.

O fenômeno político, social e cultural que vivemos é um caso de sadomasoquismo coletivo. Escandalosos 25% da população em êxtase de prazer sob chicotes e algemas. Uns cerca de 60 milhões de bestializados, possessos e desatinados.

A psiquiatria uniu Sade (o prazer de causar sofrimento, o sadismo) ao escritor
Sacher-Masoch que, no século 19, descreveu a arte de apanhar por prazer. O sadomasoquismo foi consagrado por Sigmund Freud, o do charuto. Agora, tem que migrar para as colunas políticas.

No século 21, temos no pobre Brasil, a grande fusão: o “sado-bolsonarismo” passeando no grande hospício nacional de braços dados com o “gado-masoquismo”. Há casos quase diários de coprofagia explícita, sublinhando atividades políticas e
administrativas. “Aquele que se humilha deseja ser exaltado”, lembra Friedrich Nietzsche, em Humano Demasiado Humano.

Podemos completar: a exaltação da humilhação, da má-fé e da burrice são características do momento. As manifestações explícitas de sado-bolsonarismo e de gado-masoquismo apareceram logo no início da gestão copro-familiar do país. O que é golden shower?”, perguntou Bolsonaro no Twitter na primeira quarta-feira de cinzas do atual desgoverno. O que seria apenas uma gafe ligeira, passou a ser um debate nacional sobre a chuva dourada, a arte de fazer xixi no alheio, para o prazer de ambos.

Também existe o amor às fezes, chamado de coprofagia, que faz parte de conversas
frequentes e profundas em cercadinhos e redes sociais. O cidadão de quinta e antipresidente atracou-se ao tema como os seguidores do Marquês. Sem disfarçar o seu prazer interior, começou a controlar o cocô nos lares brasileiros, sugerindo que os cidadãos de bem ou não, “fossem aos pés” (pelotês raiz) dia sim, dia não,
como forma de diminuir a poluição das águas. Talvez o conselho coletivo mais idiota jamais proferido por uma autoridade. O presidente tornou-se literalmente o cocô do cavalo do bandido.

Ao ser evitado por qualquer autoridade que tenha autoestima política e pessoal, em todo o planeta, Bolsonaro não conseguiu chegar nem perto do Papa Francisco. Se conseguisse, que bobagem poderia dizer? Quer pergunta nonsense poderia fazer? Indagaria pelos Bórgias, os bolsonaros dos anos 1.500, a família mais devassa do
cristianismo? Ou onde fica o banheiro?

Bolsonaro não foi a Glasgow para a COP26. Foi a Pistoia, na Itália, com o líder de extrema-direita italiano, senador Matteo Salvini, para a homenagem aos soldados brasileiros mortos na Segunda Guerra Mundial – Foto: Divulgação / PR

Para não dar mais vexame em público, preferiu não aparecer na Conferência do Clima, na Escócia, que define as metas ambientais para o nosso planeta. Contribuiu com a sua ausência, reduzindo a poluição visual.

Além dos líquidos e sólidos, o país assusta o mundo com a grande emissão de gás metano. Ele é produzido em grande parte pelo gado ruminante, que ocupou as matas da Amazônia. Ou seja, destruiu o verde e, ainda, com sua flatulência gigantesca e descontrolada prejudica a camada de ozônio.

Há 20 anos, o escritor Rubens Fonseca lançou um livro de crônicas chamado Secreções, Excreções e Desatinos. Poderia ser o slogan do atual governo. Nós todos que surgimos ali na “inter urinas et faeces”, merecemos isto?

Quem sabe…

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