O presidente é o vidente do Planalto mas enxerga muito mal

Quando um histérico presidente diz que o país está quebrado, fazer o quê? Ir pra Venezuela? Quem quebrou o Brasil quebrado?  O grande vidente deve saber, mas provavelmente ainda não revelará

Bolsonaro mudo sobre Silveira - Foto Orlando Brito

Ele sabe ou acha que sabe de tudo. E ainda mais. No final da campanha eleitoral americana, disse ter informações de fontes seguras sobre fraude eleitoral em alguns Estados. Lá nos EUA. Mais sagaz do que os agentes da CIA e do FBI, que não sabiam de nada. Ele deve ter consultado os búzios da piscina do Alvorada, onde costuma meditar e exercitar seu atletismo. Depois do que ele considerou uma grande descoberta, passou informações  exclusivas ao chefe Trump, e começou a divulgar outras visões de casos futuros.

Depois o vidente presidente  falou que a imprensa brasileira é sem caráter (sic). Foi a 34ª declaração dele nesse sentido. Quando não tem o que dizer, o vidente fica alegre: Ôba, então vou dar mais um pau nesses jornalistas. E depois ri muito. Os jornalistas riem ainda mais. Fazer o quê? Amanhã terá  mais.

O já famoso guru, vidente e presidente arriscou mais uns palpites sobre o futuro do Brasil. Ele  é o bamba, acerta tudo, às vezes previsões fatídicas. “O Brasil está quebrado, Chefe, e eu não posso fazer nada”, disse o vidente, em conversa com um repórter-sem-caráter. A entrevista foi no chiqueirinho do Alvorada, onde o vidente presidente,  às vezes,  para e bate-papo com os jornalistas, todos já classificados  como sem caráter. Quando um histérico presidente diz que o país está quebrado, fazer o quê? Ir pra Venezuela? Quem quebrou o Brasil quebrado?  O grande vidente deve saber, mas provavelmente ainda não revelará.

O vidente guru  do Planalto tem mais novidades. Disse que as eleições de 2022, aqui mesmo, será uma bagunça, corrupção pra todo lado, resultando em atentados nas ruas e muita fraude eleitoral. Contrário à votação digital, um dos maiores sucessos do Brasil depois de Pelé, afirmou o vidente que as maquininhas fajutas do TSE facilitam a ação dos fraudadores. Acrescentou que a garantia da lisura das eleições seria a volta das urnas de papelão com o buraquinho para o cidadão colocar o voto. Algo rudimentar mas o presidente vidente, quer evitar essa degradação: vende os computadores do pleito digital e compra 100 milhões de caixas de papelão. Por segurança, além do orifício por onde se coloca o voto, haverá nelas um furo de emergência, na lateral, opção para garantir a colocação do voto se houver  problema com o furo anterior.

Uma tecnologia fácil de assimilar pelo povão eleitor. Mas porquê o presidente guru, ciente de tudo antecipadamente, não promove a reforma que lhe parece necessária, a do sistema eleitoral? Fica só no falatório e no xingatório. O vidente presidente já dispõe de grupos de pressão atabalhoados para ajudá-lo na campanha pela desconstrução do Brasil. Os quarteleiros  são seguidores do grupo de ativistas fascistóides que depois da posse do vidente presidente foram ao Quartel General do Exército fazer campanha contra a democracia e pelo fechamento do Congresso e do STF. Outro grupo radical surgido na mesma época, os fogueteiros, atiravam bombas e fogos contra o prédio do Supremo Tribunal. Queriam  incendiar e o presidente, mesmo sendo vidente, também neste caso não percebeu nada antecipadamente.

Biden eleito contra Trump

O vidente do Planalto costuma ficar zangado e descumpre normas de educação quando não gosta do resultado de algum acontecimento. A s reações podem ser zangadas e nervosas. O Biden foi eleito presidente dos Estados Unidos e o vidente do Planalto ficou desesperado, recusando-se até o final do processo a cumprimentar o novo presidente da maior economia mundial.  O Congresso confirmou a vitória de Biden, Trump quis explodir o Capitólio e o guru  do Planalto avisou para não mandar mensagem. Um assessor do Biden perguntou: “Who? ”

Futuro apimentado, Brasil quebrado, voto  eletrônico ameaçado,  vacinação sem agulha. Só apelando ao vidente do Planalto para não aceitar mais informações pouco confiáveis, nem fakes fantasiosos, tipos de leitura que mais lhe agradam.

— José Fonseca Filho é jornalista

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