O gasoso concreto

Tudo começou a mudar na comunicação mínima entre interesses e demandas populares. A receita do pão e circo passa a ser cada vez mais reduzida ao circo da desinformação. Algoritmos da era digital preveem e induzem condutas.

Manipulação em massa

 

Goering em Nuremberg

Goering tinha razão ao afirmar em Nuremberg que o medo é condição para dirigir e manipular as massas. Governos se revezam com propostas sociais distintas, mas não logram abrir mão, sob de acusações recíprocas de ações que promovem insegurança, desirdem, pavor.

Massas sempre foram assim. Manipuladas. Alguns representam que as representam com maior ou menor boa fé. Com a decadência dos intelectuais, aqueles das ruas e bodegas, burocratas ascendem nas universidades e pululam os nichos de mercado para as paquitas de auditórios estamentais.

Gilles Deleuze

A critica social perdeu para o sertanejo universitário. Tudo começou a mudar na comunicação mínima entre interesses e demandas populares. Ampliando o fosso nos coliseus institucionais modernos da democracia liberal. A receita do pão e circo passa a ser cada vez mais reduzida ao circo da desinformação. Algoritmos da era digital preveem e induzem condutas. A tal sociedade do controle prevista por Gilles Deleuze e anunciada por Orwell é fato.

A regressão dos dias de hoje confirma o medo resultante da insegurança em várias dimensões. A começar pelo trabalho. Do precarizado ao precariado. Outros indícios de desordens.

OnlyFans

No Amor. A prostituição em aplicativos tornam nossos parceiros ainda mais descartáveis ou de uso utilitarista. Nessa estética não logramos olhar os próprios umbigos. Só os bolsos. A

Amizades?. O afeto dos irmãos de vida cede à lex mercatoria no primeiro semáforo da disputa de “ideologias” e interesses pecuniários. Ideologias podres que minam a sociabilidade.

Filhos? Amputa-se dos pais alguma certeza sobre um mundo melhor no amanhã. Em nome do pluralismo o identirário afirma o seu avesso, os estigmas.

País? O nacionalismo é destroçado por uma mundialização seletiva destrutiva de vínculos comunitários, disputado por populismos de cores desbotadas.

Solidariedade

Solidariedade? Substituída por igrejinhas corporativas e grupelhos dispersos sem preocupação com os liames sociais básicos, pois voltada para seus ganhos individuais. Hoje a fraternidade esgarçada é empurrada para a lógica “amigo versus inimigo” e vice-versa.

Política? Fragmentada e em atendimento a benefícios de alguns em detrimento de perda de muitos. Uma centralidade do balcão de negócios que anestesia os extremos e impede o progresso emancipatório.

Corpo? Tatuado com a doença da perfeição no hedonismo de academias e bisturis. Tribos desesperadas em busca de alguma identidade perdida não se sabem onde é como.

Sociedade? A maior de todas as drogas. A todos consome e todos a consomem. O amor ao sentido de reprodução seletiva é perversa.

Manifestação contra a corrupção. Foto Orlando Brito

A corrupção inconsciente do caráter nas formações e deformações de mercados. A ilusão da meritocracia numa sociedade ainda marcada pela simbologia escravista.

Tempo? O desvalor como valor maior. O entorpecimento nas armadilhas do trabalho on line e em diversas maneiras de ser “patrão de si mesmo”.

Espaço? De uma vida privada que é uma privada. Induzida a perfilar os fios da navalha das desconexões com a ordem pública.

Resumindo o imbróglio. Foi-se o tempo fluído do mundo líquido. O capital fictício (ou volátil) colhe seus subprodutos e os capitaliza. Hoje torna-se e a tudo transfigura em vida gasosa.

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