O colapso já chegou. Não adianta disfarçar

Para enfrentar dificuldades e perigos iminentes, com amplo resultado negativo confirmado pelo crescente número de mortos, como acontece numa pandemia, é preciso competência, trabalho, disposição. No caso do Brasil, falta seriedade do governo e respeito para com a população. Não dá para brincar de gripezinhas e outras infantilidades, tipo macho não usa máscara, proibir aglomeração é frescura.

Em vários estados, o sistema de saúde já entrou em colapso por conta da covid-19 – Foto Alex Pazuello/Semcom – Manaus

Há tempos já se vem falando em estado de pré-colapso, o que significaria admitir que a situação do país e sua população, em breve, estaria prestes a serem liquidados pelo coronavírus. E perdido quase definitivamente o controle e a capacidade de eficientes ações para liquidar com o Covid-19.

A verdade não se pode esconder. Deve-se arranjar mais forças, vacinas, equipamentos de combate à doença, estrutura operacional e competência administrativa do governo, além do isolamento social. Não enganar a população com propaganda de xaropes ordinários, que para o presidente daqui resolveriam o problema. Ele até virou garoto-propaganda da cloroquina, suposto remédio proibido na Europa.

O drama das milhares de mortes pela covid no Brasil- Foto Alex Pazuello/Semcom

O Brasil se situa entre os 3 países com pior desempenho no combate à pandemia. A situação deve ainda piorar. Já estamos com o recorde mundial de mortes por dia, em todo o mundo, e assim continuará se não houver reversão da realidade atual. Breve chegaremos a 300 mil mortos, à custa da incompetência e indecisão dos dirigentes do país. Até a vitória final e a sobrevivência dos brasileiros (as) que até aqui resistiram.

Até agora prevaleceu a incompetência de 3 ministros da Saúde com o mesmo naipe de limitações, sendo campeão o mais inesperado e longevo no cargo. Há centenas de milhares de ignorantes refratários ao uso da máscara protetora. Pior ainda: blocos de mais ignorantes e irresponsáveis insistindo em formar aglomerações. Enquanto milhares de brasileiros (as) morrem, esse pessoal insensato luta para fazer carnaval, bailes, pagodes, jogos nas praias.

Rio de Janeiro – Vacinação com a benção do Cristo Redentor – Foto Eliane Carvalho

É preciso assumir, com espírito de combate, que o colapso já chegou por aqui, continua se alastrando e poucos milhões de brasileiros (as) já puderam ser vacinados (as). Nesse ritmo, segundo especialistas, serão mais de 2 anos e meio até vacinar toda a população brasileira. Um recorde mundial. A situação é altamente arriscada. Não adianta a ilusão de que ainda prevalece o pré-colapso.

O Brasil sobreviveu à dengue, aids e outros vírus. Tem resistido à pobreza, miséria, fome, à falta de saneamento básico, de educação e moradia. Com esse know how de combates, poder-se-ia até imaginar mais uma recuperação. Para isso está faltando competência, rigor nas ações corretivas; saber onde e como comprar vacinas; parar com as brigas entre presidente, governadores e prefeitos. Não esquecer de comprar oxigênio; manter os hospitais com todos os equipamentos e pessoal necessários. Caso contrário, despesas com serviços fúnebres continuarão aumentando.

Os primeiros pacientes Covid vindos de Porto Velho, capital de Rondônia, desembarcaram no aeroporto de Porto Alegre – Foto Felipe Dalla Valle/ Palácio Piratini

Estamos no colapso, no caos violento. Não no pré-colapso dos ilusionistas. Mas ainda é possível ganhar a guerra e manter a sobrevivência, em homenagem as dezenas de milhares de homens e mulheres do Brasil que foram empurrados (as) para o céu sem homenagens nem o carinho de seus parentes e amigos. Ou então, isso aqui não é um país decente.

— José Fonseca Filho é jornalista

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