Inventor de pátria amada poderia brigar menos e tentar a pacificação do país  

O presidente Jair Bolsonaro e seu gesto bélico - Foto Orlando Brito

O presidente da pátria  amada e se tornando armada é  apreciador  de  umas boas disputas, alguns  atritos e muita  insinuação de ameaças  contra  seus muitos adversários . Vai tocando sua rotina atribulada como chefe de um governo surpreendente. Briga com ministros, parlamentares,  governadores, e por aí vai. Mas  sua predileção maior  mesmo é brigar com jornalistas . Mais  ainda, adora  uma verdadeira  guerra  contra a televisão, sendo seu alvo predileto a que tem a logomarca redondinha. Além do mais odeia um jornal lá de São Paulo.

País armado porque o presidente começou  logo  uma  campanha belicista com a flexibilização da compra e uso de armas e munição. Quem não gosta de bang bang  espera por um  desenvolvimento  com todas as camadas  sociais em perfeita convivência, disposta à mútua colaboração para a superação de seus problemas. Agora o presidente está tentando iniciar uma aproximação  com as lideranças  políticas  do Congresso. Naturalmente, com tanto projeto  importante para aprovar é necessário buscar o apoio da maioria dos parlamentares.

Queimada da Amazônia – Foto Vinícius Mendonça/Ibama

A reforma tributária, capengando há meses, espera que Paulo Guedes e Rodrigo Maia acabem  de vez com seus chiliques. Geralmente fazem as pazes e voltam aos tapas. Ele na verdade é gente boa, acaba  comentando um sobre o outro.  Guedes teve briga com outro ministro, Rogério Marinho. Deve ser por isso que não sai reforma tributária, nem administrativa, e o tal programa social que já foi marcado e cancelado  várias vezes pelo próprio presidente. Era Renda Brasil, depois  Renda Cidadã, mas  pode  acabar  virando renda nenhuma. Ou ganhar outra denominação, como Renda Bruta.

O presidente é militar e seu governo obviamente conta com vários  ministros e assessores  oriundos da caserna.  Até na Saúde, até na Vice. Sem problemas. Inclusive ajuda a promover  a reaproximação entre o estamento civil, políticos e militares, de relações  abaladas após  os exageros e violências  depois  do  golpe de 64. Mas aos poucos  se recompondo.

Todos  são brasileiros, afinal. Esse período bolsonaresco, digamos  assim, se conduzido pelo  presidente com habilidade e franqueza, pode  fortalecer  a solidariedade  e a convivência  entre todos  os grupos de brasileiros, um povo que reconhecidamente  tem caráter pacifista e de fácil convivência, sem distinção de raças, religiões, atividades econômicas. E breve vão acabar  as brigas das torcidas de times de futebol e os exageros do carnaval, dois  comportamentos egressos da ignorância. O resto é o povo  unido no combate  à criminalidade e à violência.

Ministros Paulo Guedes e Rogério Marinho – Foto Orlando Brito

Se os políticos e o governo  vivem às turras, os ministros e representantes  de  outros  poderes  se engalfinham,  as acusações  gratuitas  ou procedentes  se acentuam, e o país não sai do buraco. Aí sim, fica mais difícil.  O Chefe do Governo deve contribuir  para essas conquistas  dando exemplos. Já é tempo de o Brasil superar seus problemas e estimular  a harmonia de sua população, grupos políticos, igrejas, setores empresariais  e esportivos, todos.  Para poder avançar em sua história  com grandeza, humanismo  e desenvolvimento.

Já entrou  ministro, saiu ministro, alguns  antigos  bolsonaristas  romperam com o governo, e o presidente corre para lá e para cá, discutindo aqui e acolá.  Abusa da eletrônica, faz guerra nas redes sociais,  onde  os insultos  se confundem  com informes e fakes. As lives  se reproduzem e toda uma equipe participa  do batalhão eletrônico , com mensagens  dirigidas até a países estrangeiros. Porque lá dizem que a Amazônia está queimando e aqui o governo diz que não. Deve ser uma fogueirinha, como a gripinha do coronavírus. O brasileiro é um povo pacífico. Disputas  desagregadoras  contribuem  para a desarmonia  social.

O presidente  exagerou  ao se vangloriar de que havia extinto  a Lava Jato. Teria  sido uma contribuição  para manter a bandidagem  em desenvolvimento no país , depois de tanto esforço para prender  e condenar os ladrões de luxo. É preciso  algum  cuidado  para ele não pensar  também em  acabar  a Polícia Federal.

— José Fonseca Filho é Jornalista

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