Hoje também é dia da mulher

Todas as mulheres, qualquer que seja a sua escolha, devem ser celebradas e respeitadas todos os dias

Dia internacional da mulher

Há um tempo atrás, quando recebia os cumprimentos de um homem pelo dia internacional da mulher costumava responder com um “obrigada, mas parabéns a você também pelos outros 364 dias”.

Ontem não dei resposta desaforada a ninguém. Recebi de bom grado todas as felicitações. Primeiro porque tenho muito orgulho de ser mulher e ser celebrada por isso. Segundo porque, a partir do momento que passei a entender e me engajar mais no movimento feminista, acho importante que exista uma data para reverenciar a mulher e suas conquistas.

Recebi muitas mensagens por WhatsApp e a maioria falava da força das mulheres, de sua luta, de sua busca por espaço e equidade, de seu desejo de respeito e liberdade, de sua coragem de impor sua vontade e ser protagonista de sua vida.

Muitas mensagens citam frases e exemplos de mulheres famosas que abriram caminho pra gente passar, como Simone de Beauvoir, Frida Kahlo, Rosa Luxemburgo e Leila Diniz.

Mas muitas anônimas também atuaram para que as mulheres conquistassem cada vez mais espaço: as operárias que trabalhavam em condições ultrajantes na fábrica que pegou fogo em 1911 em Nova York; as mulheres russas que saíram em passeata em 1917 reivindicando melhores condições de vida, de trabalho e o fim da Primeira Guerra Mundial; as sufragistas, que reivindicaram o direito ao voto entre o final do século XIX e metade do século XX. E tantas outras.

Minha avó talvez não se considerasse feminista, talvez nunca tenha sequer ouvido falar disso, mas foi uma dessas mulheres que escancarou portas. Teve a coragem de largar herança, marido e filhos para viver um grande amor. Ela protagonizou o primeiro desquite da Bahia.

As pequenas e as grandes transgressões fizeram com que as mulheres fossem cavando seu lugar no mundo. Nada nos foi dado de mão beijada, tivemos de conquistar cada palmo em que fomos avançando.

Foto Divulgação

Nesta semana muito tem se falado sobre as mulheres, sobre todas. E não podemos nos esquecer de ninguém. Todas devem ser respeitadas e celebradas. Há as que se destacam profissionalmente e ocupam cargos relevantes, há as que se ocupam de trabalhos não valorizados, há as que preferem ficar em casa cuidando do lar e dos filhos, há as que moram na rua, há aquelas com necessidades especiais, há as que optaram por não ter filhos, há mulheres solteiras, há casadas com homens, há casadas com mulheres, há casadas com Deus.

Todas e cada uma têm seu papel de relevância e cabe a nós, em primeiro lugar, não cair na armadilha machista de criticar uma e outra. Qualquer que seja a escolha, desde que tenha sido uma escolha, deve ser acolhida.

Ontem recebemos cumprimentos, algumas receberam flores ou chocolates, mas queremos na verdade é ser lembradas, respeitadas e valorizadas todos os dias. Tomara que seja por bem, senão vai no grito mesmo, como tem sido desde sempre.

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