Normalmente, jornalistas tarimbados não frequentam diariamente os prédios enfileirados na Esplanada dos Ministérios e na Praça dos Três Poderes, na busca da informação. Mas, nos dias que antecedem a maior crise institucional do país, os jornalistas, tentam obter, sem sucesso, as próximas cartadas do presidente Jair Bolsonaro.
Na campanha eleitoral, Joe Biden e seus conselheiros prometeram que restaurariam a posição do país no mundo, reconstruiriam alianças destruídas e restaurariam a confiança internacional na força da diplomacia dos EUA.
A primeira crise de política externa de Biden já está aqui.
1 – Conflito Israel-Gaza – à medida que a luta entra em sua segunda semana, ela está sendo definida por vítimas civis, foguetes e ataques aéreos não diminuídos, e por tensões históricas que explodem em agitação.
2 – A possibilidade de um conflito armado entre a Austrália e China. A ideia de a Austrália travar uma guerra contra a China por conta própria é caricata, mas tudo pode acontecer. No ano passado, os gastos militares da Austrália foram de cerca de US $ 27 bilhões (R$ 148 bilhões). O da China foi estimado em 10 vezes maior, no mesmo período, em cerca de US $ 252 bilhões, o segundo maior do mundo.
3 – O medo na capital norte-americana é de que Bolsonaro, na tentativa de salvar o seu governo, deve empurrar o Brasil numa guerra com um país vizinho.
Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:
II – autorizar o Presidente da República a declarar guerra, a celebrar a paz, a permitir que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente, ressalvados os casos previstos em lei complementar;
Mas, no Planeta Bolsonaro, o presidente pode fazer o que der na telha, principalmente trafegar na contramão da história e no mundo da criminalidade.
Deterioração das relações Brasil e Argentina
Há dois anos, as afinidades entre o Palácio do Planalto e Casa Rosada e Argentina se deterioraram devido a intensas altercações ideológicas entre Bolsonaro e o presidente de da Argentina, Alberto Fernández.
Enquanto o governo petista assumiu compromisso com a Argentina de uma política conjunta destinada a promover uma estratégia de desenvolvimento para a região, o atual presidente não gosta do país vizinho.
Esses eventos em Israel, Gaza, China, Austrália, Brasil e Argentina causam arrepios nos ministérios das Relações Exteriores em todo o mundo.
Em 25 de abril, a data simbólica do Dia Anzac, quando a Austrália homenageia seus mortos na guerra, o recém-nomeado ministro da Defesa, Peter Dutton, destacou que um burburinho com a China sobre Taiwan não deveria “ser rejeitado”, acrescentando que os australianos precisam ser “realistas” sobre as tensões em toda a região.
Em outra mensagem do Dia Anzac, o principal oficial do importante departamento de Assuntos Internos da Austrália, Mike Pezzullo, enfatizou a sua equipe que “nações livres” estavam ouvindo os “tambores da guerra” bater novamente.
Em seguida, o primeiro-ministro Scott Morrison anunciou US $ 580 milhões em projetos militares. Uma semana depois, vários jornais publicaram um briefing confidencial do major-general da Austrália Adam Findlay aos soldados das forças especiais, no qual ele disse que o conflito com a China era uma “alta possibilidade”.
As relações entre Canberra e Pequim estão congeladas há quase um ano, desde que Morrison e seu governo enfureceram seus homólogos chineses ao pedir publicamente uma investigação sobre as origens da pandemia de Covid-19. Desde então, as exportações australianas para a China – incluindo carvão, trigo e vinho – enfrentaram obstáculos paralisantes.
A ausência de diálogo entre o Palácio do Planalto e a Casa Rosada marca um jejum inédito entre líderes dos dois países em cerca de 35 anos, desde a retomada da democracia no Brasil (1985) e na Argentina (1983).
Abusos dos direitos humanos em Xinjiang e Hong Kong
O governo australiano se moveu para confrontar Pequim sobre as alegações de abusos dos direitos humanos em Xinjiang e Hong Kong, e o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Zhao Lijian, juntou-se a um coro de mídia estatal destacando o fraco histórico de direitos humanos da Austrália sobre refugiados e indígenas australianos.
Mas muito da retórica de guerras é, na verdade, estimulada pelas políticas internas. Os governos de Morrison e Bolsonaro estão sob pressão por causa das alegações de que estão gerenciando precariamente a pandemia do Covid-19 e estão tentando mudar o foco.
Na manhã da quinta-feira da semana passada, Bolsonaro compartilhou uma nota com restrições implementadas pela Casa Rosada e disparou: “Exército argentino nas ruas para manter o povo em casa. Toque de recolher entre 20h e 8h”.
Fernández desmentiu o presidente brasileiro em uma entrevista para a rádio 10, onde explicou a função de apoio das Forças Armadas no combate ao novo coronavírus.
“Primeiro ponto: na Argentina não há toque de recolher. Segundo ponto: na Argentina, as Forças Armadas não fazem segurança interna, elas estão aí para fazer o que fazem muito bem que é, em situações de catástrofe, dar apoio às pessoas. Vocês sabem que o exército, fundamentalmente, tem médicos e enfermeiros muito qualificados e foi isto que pedi. Eu não declarei estado de sítio e nem penso em fazer”, o presidente argentino contra-atacou.
Dar início a um conflito armado poder ser o próximo passo de Morrison e Bolsonaro. É bom lembrar que os dois líderes são seguidores fiéis do ex-presidente Donald Trump.
Concentrar-se em um inimigo externo geralmente tem sido bastante eficaz para unir o sentimento público e se reunir em torno do governo. É preocupante e de tirar o sono saber que os lunáticos em Brasília e Canberra estão pensando cuidadosamente no assunto.
Guerra é um assunto muito sério – essa perspectiva é aterrorizante.