As meninas do Leblon não olham mais pra mim. Eu uso ócul…ooops, máscara!!!!

Dá pra namorar de máscara? A rapaziada da Dias Ferreira, no Leblon, parece achar que não. No lugar dos óculos dos Paralamas, desmascarados. Cara, por que você não usa máscara?

Leblon, o tradicional e elitista bairro carioca, e nova noite real?

Os “Paralamas do Sucesso” precisam atualizar a sua música!

Os pobres meninos do Leblon estão frustrados. As meninas do bairro não conseguem olhar para eles. Não conseguem enxergar sua belezura. Não conseguem ver que atrás daquela máscara tem um cara legal, ooô.

Problemão, cara.

Malditas máscaras. São elas as grandes culpadas. Nosso Presidente sabe disso. Por isso desestimula o seu uso. Sabe que não podemos “pegar “ ninguém com elas. Mesmo morando na Barra, ele sabe dos nossos problemas. Nem os modelitos moderninhos conseguem atrair as garotas do Leblon. Olha que a Ministra está até colaborando, fazendo concurso de máscaras pra resolver nosso problema. Assunto da maior relevância.

O que fazer então?

Melhor mesmo é ir pra Dias Ferreira. Ou pra Vila Madalena. Ou pro Pontão. Se jogar.

“Bora” lotar a Dias Ferreira, galera, sem máscara, sem distanciamento, sem nada?

Mandar esse vírus “pra” lá, “na boa”? Tomar todas?

Algum desavisado lembra que os índices de ocupação de leitos hospitalares no Rio de Janeiro indicam lotação aproximada de 85%, segundo as estatísticas divulgadas recentemente.

– Para com isso, responde um autêntico morador do bairro. Que pessimismo! Tenho certeza que esses 15% restantes estão reservados “pra” gente. Sempre estiveram. Desde que a Corte chegou por aqui. Por que seria diferente agora?

Um outro desavisado questiona se esses 15% restantes atenderiam os garçons, os faxineiros, os porteiros, os lixeiros que estariam trabalhando na Dias Ferreira.

– Que papo de comunista é esse , cara? Você mora mesmo no Leblon? Se liga.

– As meninas do Leblon precisam olhar pra gente. Isso é o que importa. Já que não sou intelectual e nem consigo fazer pinta de, não dá pra ficar em casa. Além disso, preciso ter histórico de atleta para conquistar as garotas sem cérebro. E com dinheiro, claro.

– ”Bora” colocar óleo nas costas que amanhã o sol vai estar de rachar!

Alheios a tudo e a todos ao seu redor, o mundinho dos inocentes do Leblon vai bem, obrigado.

Drummond sabia de tudo.

Os poetas sempre sabem. Antes de todos.

Eliane de C. Costa Ribeiro é juíza do Trabalho aposentada (Tribunal Regional do Trabalho da 15ª. Região)

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