Alguma coisa está fora da ordem

De um lado, vandalismo. Do outro, desfaçatez. Será sempre o que temos no Brasil do presente e do futuro?

Manifestantes queimam carros pelas ruas de Brasilia

Quem acompanhou o badernaço de segunda-feira em Brasília não teve como não ficar, em primeiro lugar, chocado, horrorizado. Em segundo, muito intrigado. Muitas peças não se encaixam. Como tudo começou? Quem deu o comando? Como houve o deslocamento dessas pessoas sem que ninguém se desse conta? E, claro, por que a polícia demorou tanto a agir?

Optou por “apaziguar”, como disse um dos seus integrantes, depois de todo o rastro de destruição? Quem vai arcar com o prejuízo? Aliás, nem mesmo as forças policiais se entendem sobre quantos carros, por exemplo, foram queimados; é pedir muito que contem os postes destruídos, os vidros da delegacia, os ônibus, as lojas, não é?

Havia infiltrados? De onde surgiram? Como conseguiram os botijões e o combustível?

Manifestantes pró-Bolsonaro acampados em frente ao QG do Exército – Foto Orlando Brito

Policiais adoram encher a boca pra dizer que houve um trabalho de inteligência em determinado caso que tenha sido solucionado. Mas que inteligência é essa que não monitora o que fazem os manifestantes bolsonaristas que estão há mais de um mês acampados ou perambulando pela cidade?

E o que ninguém consegue entender: por que não houve prisões? Estava bem fácil de identificar todos, ou quase, naquele momento. Do ministro ao governador, passando por chefes da polícia, todos disseram que eles serão identificados e punidos. A conferir quanto tempo vai demorar e qual será o resultado.

Pra falar a verdade, nem todos: o ainda chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, apressou em dar seu veredito de que o trabalho foi típico de black blocs. Deve ter expertise no assunto, não é?

Alguma coisa está fora da ordem 2

É incrível que quase ninguém, na imprensa, sobretudo, tenha se escandalizado com o samba do Kakay (devidamente organizado pela primeira-dama). Como é que podem se juntar num mesmo convescote ministros do Supremo Tribunal Federal ou do Tribunal Superior Eleitoral, o presidente eleito e alguns de seus futuros ou passados ministros, advogados, empresários????

O advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, no plenário do Supremo. Foto Orlando Brito

Não eram os que, em priscas eras, a menção a eles vinha sempre acompanhada de adjetivos como vetustos ou, no mínimo, discretos? Não foram eles que acabaram de analisar as contas de campanha do recém-diplomado e podem ter que julgar casos do futuro governo (já que alguns do passado foram enterrados)?

Como é possível tamanha falta de pudor? Como disse um amigo, é sexo explícito. E por isso não se estranha quando o dono da mansão onde ocorreu o samba pose de bermudas nos corredores do Supremo Tribunal Federal. Claro, é o quintal da casa dele. Repito o que disse este amigo: é desolador!

Deixe seu comentário