A pandemia, quem imaginaria? Virou pandemônio

Confusões variadas entre os humanos e suas estratégias de sobrevivência. Casais casados há vários anos, portanto vivendo juntos e com a prole, acharam um absurdo serem instruídos a permanecerem em casa. Como vou ficar um mês sem sair de casa, tá maluco? Assim eu vou explodir – berrou a valente esposa. Chiando depois de 30 anos? Se sair vai pegar o vírus – retrucou o marido. E o casal ficou se estranhando ao longo dos meses. Quando um saía, o outro ia atrás.

Um dia pararam num barzinho, sentaram-se e ocuparam as extremidades da mesa para assistir o noticiário da televisão. Então o locutor gritou: Ficou pronta a vacina contra a droga da corona vírus! Dias depois ambos foram ao advogado acertar o divórcio. Motivo?- indagou o causídico.  Precisou um vírus mortal para eu descobrir que esse cara é um chato, babaca, disse a esposa braba. E o Senhor ?- voltou-se o advogado. Também não havia percebido que ela é um verdadeiro pé- no- saco, dessas grudentas- desabafou o alegre candidato a ex-marido.

Sepultamento de vítima da Covid em Manaus – Foto Valdo Leão

Tais fatos aconteceram em quantidade no Brasil. Mas houve muito do inverso, também. Vários casais meio chateados entre si fizeram o isolamento a contragosto. Mas ficaram em casa quietinhos, assistindo um monte de asneiras na televisão. E se reencontraram. Pô, não havia percebido que você é tão legal, disse o marido. Eu te achava um chato, mas estava enganada, retrucou a madame. E o casal trocou juras de amor pelo resto da vida. Uma paixão estranha, provocada pelos efeitos de um vírus matador. O marido apontou a cama no quarto e falou para a esposa: Vamos pro isolamento?

O bom Deus nunca havia assistido tanta coisa escabrosa: os milhões de mortos, os milhões de ignorantes contra as ações preventivas e os bilhões de seres humanos lutando pela sobrevivência. Valeu o esforço, teria comentado o bom Deus com os anjinhos.

— José Fonseca Filho é Jornalista

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