5,7 bilhões para os candidatos gastarem na campanha eleitoral. Você é quem paga

Congresso aprovou não um fundo eleitoral, mas um rombo eleitoral nas finanças do país

Depois da temporada de máscaras contra a covid, os brasileiros se preparam para uma proteção especial a ser colocada nos ouvidos, como os mergulhadores. Para que não se exponham nem se deixem seduzir pelas promessas, inverdades e  lorotas a serem pronunciadas em discursos, entrevistas, debates e agressões entre candidatos a  presidente e aos governos estaduais

Convenhamos que se trata de uma verba bastante exagerada quando o Brasil atravessa séria crise econômica e financeira, com desgoverno e retorno da inflação. A maioria da população, cada vez mais pobre, sofre por falta de comida para satisfazer a fome diária das famílias. Moradias são barracos insalubres com paredes e tetos  em decomposição.

Com esse background o Congresso autorizou a derrama de dinheiro – RS 5,7 bilhões – derrubando proposta anterior de veto, que reduzia o valor para R$ 2,1  bilhões. Chama-se a isso Fundo Eleitoral, ou Fundão. É para pagar a campanhas de suas pretensas excelências.

Um crime praticado pelo Congresso contra o País, cuja população nada se beneficiará da milionária campanha. Nem por ela, na verdade, se interessa. Assim como despreza as mensagens pretensiosas dos candidatos. Redução de custos é uma prática salutar em todos os setores da economia.

Poder-se-ia, com os exemplos adquiridos na crise da covid, possibilitar também uma campanha online. Mais barata e confortável, tanto para o povo como para os candidatos. Com vantagem: você desliga quando quiser.

Nas discussões em plenário, o valor de  R$ 5,7 bilhões chegou a ser classificado como “astronômico”. Muitos parlamentares tiveram decência na apreciação do caso, mas foram minoria para derrubar a proposta bilionária. Não conseguiram e a maioria preferiu aplicar na campanha o dinheiro da nação. Bem utilizado, em proveito próprio, lhes renderá um bom emprego de governador e presidente.

O Congresso, suposto zelador das necessidades do país, ao invés de defendê-lo promoveu um baque nas finanças nacionais. Dinheiro que, inclusive, não será bem aplicado, no caso do financiamento de campanhas políticas.  Os brasileiros mereciam melhor destinação para seus recursos, mas como sempre, historicamente, haveremos de sobreviver. Alguns senhores, um capitão e uma senhora serão os beneficiários dessa verba, das quais estão moralmente obrigados a dar-lhe correta destinação.

Bolsonaro e Dória em 2018 – Foto Marcos Corrêa/PR
Lula em São Paulo – Foto Ricardo Stuckert/Divulgação
Senadora Simone Tebet – Foto Orlando Brito

Valentes candidatos disputam o cargo e a ajuda de custo. São eles: Bolsonaro, do tipo grosseiro, temperamento instável, quer repetir o mandato para completar o que ainda não começou; Lula, depois de comício em Paris, acha que se valesse o voto dos estrangeiros ele ganharia; Dória crê que depois da prefeitura e do governo de São Paulo o Planalto é só mais um passo; Ciro, bom de memória e desabusado, acha mais fácil o Ceará; Moro, hábil pescador de lulas, neófito no ramo, se mostra assustado; e Simone, uma senhora de respeito, planeja derrubar esses malandros.

É realmente muito dinheiro para desperdiçar com esses atores. Não se trata de um Fundo Eleitoral, mas de um rombo eleitoral.    

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Passaporte para a criação – A Globo começa mini-série sobre uma brasileira que teria ajudado a fuga de brasileiros do regime assassino de Hitler, através de funções que exercia em consulado na Alemanha.  As quais não lhe permitiriam, mesmo funcionalmente, adotar as ações que lhe atribuem. Os registros históricos e depoimento de diplomatas brasileiros da época negam inteiramente a versão da TV. A atriz Sophie Charlotte vai interpretar Aracy de Carvalho.

— José Fonseca Filho é jornalista

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