Reforma da previdência vai obrigar Planalto a chamar partidos para negociação

A tramitação da reforma da previdência no Congresso deve mudar o modelo de negociação com os parlamentares, proposto pelo presidente Jair Bolsonaro na indicação dos ministros. O próprio presidente do Senado, Davi Alcolumbre, eleito com apoio do Planalto, disse que o governo tem que se articular politicamente para garantir a formação de uma base parlamentar.

Presidente do Senado, Davi Alcolumbre

“Hoje o governo não tem os votos suficientes para aprovar a reforma da previdência”, afirmou Alcolumbre, preocupado com a votação. O alerta não é à toa. Ainda esta semana o governo sofreu duas derrotas – uma na Câmara e outra no Senado – em votações que necessitavam apenas da maioria simples dos parlamentares.

O presidente do Senado tem mantido contato permanente com os colegas e disse o sentimento geral é de que a reforma é fundamental para o Brasil. “Eles (os senadores) querem votar a reforma, mas o governo tem que se articular politicamente. Tem que conversar com os partidos, com os líderes”.

Essa visão de que o governo não pode continuar ignorando os partidos no Congresso é compartilhada por deputados. Muitos esperam que Bolsonaro chame os líderes para negociar e formar uma base mais sólida. O presidente sabe que esse movimento político será imprescindível. Foi deputado por 28 anos e conhece bem as regras para aprovar propostas de interesse do Executivo.

A negociação por bancadas temáticas, como fez o governo durante a formação dos ministérios, não vai funcionar para votações de projetos importantes como a reforma da previdência e o projeto anticrime do ministro Sérgio Moro.

E por falar no projeto anticrime apresentado por Moro esta semana, Alcolumbre deixou claro que, pelo menos no Senado, a proposta deve ficar dormindo nos escaninhos da Casa até que a previdência seja aprovada. “Os senadores querem priorizar a reforma da previdência. Acho que os dois assuntos não vão caminhar juntos”, afirmou. Mas isso já é uma outra história…

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