“O aumento do arroz não vai para o bolso do agricultor”, protestam rizicultores

Produto de primeira necessidade na mesa do brasileiro, o arroz escalou preços muito altos em tempos de inflação baixa. Os rizicultores gaúchos, maiores produtores no Brasil, reclamam. Afinal, lamentam, levaram a fama, mas não se deitaram na cama

O senador e arrozeiro gaúcho Luis Carlos Heinze protesta: "Não sobra nada para o produtor" - Foto: Orlando Brito

Os governos do Rio Grande do Sul e da República são os que mais estão ganhando com a disparada dos preços do arroz, disse ao’Os Divergentes o senador Luis Carlos Heinze (PP/RS), líder do segmento agrícola do setor. Segundo o parlamentar, 32% do preço ao consumidor vão parar nos cofres públicos. Com o aumento de R$ 50 reais para R$ 120,00 por saco, os governos estão lambendo os beiços, numa metáfora para gula de churrasco farto e saboroso. “Já expliquei ao deputado Celso Russomano (Republicanos-SP) que esse aumento nada tem a ver com o produtor”, acrescentou o senador.

“O governo é o maior sócio no saco do arroz”, diz Heinze, afirmando, que neste aumento, “não sobra nada para o produtor. O agricultor vinha encalacrado com dívidas no comércio e nos bancos, sufocado com custos dos suprimentos e insumos, de máquinas, energia, fertilizantes e os impostos que caem direto no arrozeiro”, diz, isentando os lavradores da manobra altista. Normalmente, quando há alta de produtos alimentícios, o consumidor urbano tende a culpar o plantador, quando os lucros e ganhos ocorrem da metade da cadeia para diante, do intermediário ao varejista.

A disparada dos preços ao consumidor não vai irrigar as acéquias dos produtores, explica Heinze, falando de sua fazenda, nas barrancas do Rio Uruguai, em São Borja, uma das principais regiões produtoras do País. Segundo ele, os rizicultores já tinham vendido suas safras quando o preço subiu, beneficiando, diretamente, as indústrias que armazenam seus estoques. Outro segmento do negócio, os supermercados, informa o parlamentar, tampouco se beneficiaram, pois os varejistas não operam com estoques superiores a duas semanas de demanda. Ou seja: os comerciantes não puderam se aproveitar. O lucro ficou para os empacotadores e para os erários do Rio Grande do Sul e da Receita Federal.

“Nos últimos 20 anos, nós tivemos apenas 5 com preço positivo para o arroz. Este é o quinto ano sem prejuízo em duas décadas”, diz. “Em 15 anos, perdemos dinheiro plantando arroz. Diminuímos a área cultivada, de 2016 para cá, em 17%. Ou seja, de 1,1 milhão de hectares, a lavoura orizícola caiu para 946 mil hectares, no Rio Grande do Sul. Isto influi no preço. É a lei da oferta e da procura”, conclui.

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