Hora do jogo

O presidente Bolsonaro

Jair Bolsonaro completou 15 dias no Planalto. Chegou sem um programa de governo e, até agora, não indicou ao país sequer o que fará com a Previdência. O presidente também não revelou qual é o plano para as privatizações defendidas por seu superministro Paulo Guedes. Sua política externa soou indecifrável nas palavras em grego e tupi do chanceler Ernesto Araújo. As diretrizes para a educação são tão opacas quanto o “marxismo cultural” que incomoda o ministro Ricardo Vélez.

O presidente embarca para a Suíça em uma semana, para participar do Fórum Econômico Mundial, em Davos. Entre os dias 22 e 25, estará com líderes de todo o mundo, interessados em decifrar o que será o Brasil sob seu comando. Os brasileiros, porém, podem ver-se na estranha situação de vir a conhecer os planos do governo para mudar suas vidas quando Bolsonaro anunciá-los no exterior.

General Otávio Santana Rego Barros, novo porta-voz da Presidência da República

Desde que assumiu, o presidente tem frequentado solenidades militares. Nos fins de semana, nada de reuniões, como fizeram antecessores. Diverte-se no sofá de casa com o celular na mão. Continua usando as redes sociais como forma de comunicação com a sociedade. Ontem, depois de muito relutar, foi convencido a nomear um porta-voz. Será o general Otávio Santana do Rêgo Barros, que chefiava o Centro de Comunicação Social do Exército. É o 7º militar de alta patente a ter sala no Palácio do Planalto. Pode ser que tenha entendido que campanha é campanha, governo é governo.

O encontro de Davos ocorre entre os dias 22 e 25 de janeiro. Quando retornar a Brasília, Bolsonaro terá poucos dias para acertar o passo. Em 1º de fevereiro, toma posse o novo Congresso. Se quiser aproveitar a tradicional “lua de mel” de início de governo e aprovar medidas duras, como as mudanças nas aposentadorias, o presidente terá de ser mais ágil, chamar seus ministros e explicar à população o que pretende fazer. Renovado em cerca de 50%, o novo Congresso chega dócil, mas também quer protagonismo. Para ganhar o jogo, vale a antiga lei do futebol – quem se desloca, tem preferência.

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