Grampos entre fiscais do Governo e JBS podem reaquecer a Carne Fraca

Joesley Batista, Foto Fiesp

O governo Bolsonaro pode ter de administrar uma crise herdada de gestões anteriores que já parecia superada. Escutas telefônicas feitas pela Polícia Federal, com autorização da justiça, envolvendo fiscais agropecuários e empresários da JBS – dos irmãos Joesley e Wesley Batista –, com diálogos inéditos sobre o esquema de corrupção flagrado pela Operação Carne Fraca podem ser divulgados em breve. Elas ainda estão sob sigilo.

Senadora Kátia Abreu

A pedido da senadora e ex-ministra da Agricultura Kátia Abreu, a Justiça Federal decide nos próximos sobre a quebra do sigilo dessas conversas grampeadas. A informação de agentes federais é de que seu conteúdo pode dá novo gás as investigações internas e reacender as pressões externas sobre as exportações de carne pelos frigoríficos brasileiros. De acordo com informações da PF, os ex-ministros Wagner Rossi, Antônio Andrade e Neri Geller, este último deputado federal pelo Mato Grosso, estariam envolvidos no esquema.

Almoço de autoridades do governo com embaixadores estrangeiros numa churrascaria para demonstrar a boa qualidade da carne brasileira

Em março de 2017, a Polícia Federal deflagrou a Operação Carne Fraca, a maior do país com mais de 1100 agentes envolvidos, 309 mandados em seis estados e no Distrito Federal e a decretação, pela Justiça Federal, de 27 prisões preventivas e 11 temporárias.

A PF descobriu um esquema de corrupção envolvendo frigoríficos e fiscais agropecuários. Na época vários países pediram explicações ao Brasil e alguns chegaram a suspender a importação de carne.

A questão foi resolvida sem que nenhum mercado fosse fechado, mas as investigações continuaram. No mesmo ano, em delação premiada, a JBS entregou ao Ministério Público uma lista com nomes de mais de 300 fiscais que estariam recebendo “horas extras” da empresa. A Justiça pode decidir também abrir o sigilo dessa lista.

A divulgação dos nomes dos fiscais agropecuários envolvidos em corrupção e a quebra do sigilo das conversas telefônicas entre empresários, servidores do ministério e ex-ministros poderão afetar gravemente o mercado externo e interno de carne do Brasil. Será mais uma dor de cabeça para a ministra Tereza Cristina, que vem enfrentando as propostas da equipe econômica em retirar os subsídios do programa de financiamento da agropecuária brasileira.

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