75% dos mortos por COVID-19 tinham mais de 60 anos!

No meu último artigo, no dia 28/09, fiz a seguinte ilação e comentário:

“Vamos dividir a população brasileira em 3 grupos, sendo:
A) os que se cuidaram mais e ficaram em quarentena mais firme;
B) os que tiveram que trabalhar e sair, mas se cuidaram; e
C) os que relaxaram mais cedo.

Nesses 3 grupos, os que se contaminaram mais (grupo C) são os que tem menor letalidade (mais jovens) e os que se cuidaram mais (grupo A) são os que se contaminaram menos em termos absolutos, porém com a maior letalidade (por causa de idade e co-morbidades).
Isso quer dizer que, se houver uma abertura total, muitos milhares, principalmente do grupo A, ainda vão morrer”.

Vamos mostrar aqui quais são esses números reais de mortalidade?
Consultando o Portal de Transparência, que traz os números oficiais de mortos conforme o registro oficial dos cartórios, temos:

IDADE masculino feminino total Percentual
         
menos de 20              615              529          1.144 0,8% 4,9%
entre 20 e 40          3.224          2.308          5.532 4,1%
entre 40 e 60        16.555          9.704        26.259 19,4% 19,4%
entre 60 e 80        38.977        25.750        64.727 47,9% 75,6%
mais de 80        18.677        18.867        37.544 27,8%
TOTAIS        78.048        57.158     135.206 100,0%

 

OBS: Já estamos com 145.000 óbitos, mas o Portal tem um atraso em torno de duas semanas, e por isso registra 135.206 mortes, o que não afeta nossa análise percentual.
O que fica bastante claro é que a mortalidade é muito maior conforme o aumento de idade, sendo que, conforme a última coluna do quadro, na faixa dos que tinham menos de 40 anos ficam com cerca de 5% dos óbitos e os com mais de 60 alcançam extraordinários 75% ou seja, 102.000 dos 135.000 mortos!

Mais grave ainda é se compararmos esses percentuais com os percentuais da população brasileira por idade, onde os com menos de 40 anos são 66,5% da população e os com mais de 60 anos são 10,8%!

Repetindo: 66,5% da população, que são os com menos de 40 anos de idade, tem 5% das mortes e, por outro lado, 10,8% da população, que são os com mais de 60 anos, tem 75% das mortes!

Como o Grupo A, lá de cima, se cuidou mais, provavelmente teve o menor índice de contaminação e mesmo assim, teve o maior índice de mortos. Isso significa que a letalidade nesse grupo é muito maior do que a do grupo C.

E o que isso quer dizer? Quer dizer que existem muitos mais no grupo A com risco de ainda se contaminar e consequentemente um grande percentual vir a óbito!
Os do Grupo C, com o maior índice de contaminação, provavelmente já alcançaram a tal imunidade de rebanho, somada às vacinações anteriores, dengue, Vitamina D e outras explicações que estão surgindo.

Isso também explica porque as aglomerações de final de semana, provocadas na maior parte por jovens, não estão gerando mais contaminados e mortos duas semanas depois.
Conclusão: Se relaxarmos completamente, crianças e jovens vão se contaminar menos e morrer menos, mas os pais, tios e avós correm sérios riscos de se contaminar gravemente exatamente através desses contatos.

Provavelmente essa explicação sobre as idades pode explicar também o caso da baixa mortalidade COVID dos países mais pobres da África, onde, infelizmente, entre 53 países, 43 tem expectativa de vida abaixo de 60 anos (Wikipedia, Demografia da África).
Outra “curiosidade” desses números é que os homens (58%) são muito mais atingidos mortalmente que as mulheres (42%), cabendo à ciência explicar essa diferença.

A boa notícia é que, com os números decrescentes a cada mês, parece que podemos chegar a dezembro com os números próximos aos de Abril e fechar o ano com menos de 200 mortes/ dia, (verdadeira planície, porém bem próximo de totalizar 180.000 mortes!).
Somado com as várias vacinas chegando e com uma provável prioridade de 20.000.000 de doses para os grupos de risco, o ano de 2021 pode vir a ser “quase normal”, porém nunca mais como era anteriormente.

Outra boa notícia é a descoberta que as conhecidas vacinas tríplice viral (varíola, caxumba e rubéola), gratuitas no SUS, também geram algum tipo auxiliar de proteção/imunidade.
Vamos torcendo e nos cuidando.

(*) Paulo Milet. Formado em Matemática pela UnB e pós graduado em adm pública pela FGV RJ – Consultor e empresário nas áreas de Tecnologia, Gestão e EaD (www.eschola.com)

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