Podcast IdealPolitik – Na Democracia Responsável, todo poder emana do povo?

 

– Olá, este é mais um podcast IdealPolitik, especialmente para Os Divergentes. Toda
semana, vamos analisar aqui o reality show da política. Não faltam emoções, não é
verdade? Por isso, antes de continuar lendo ou ouvindo, respire.

– Uma grande consultoria alertou seus clientes de que o governo Jair Bolsonaro vê um
esforço de mobilização de grupos radicais para desestabilizar as instituições brasileiras,
pegando carona na onda de protestos da América do Sul. Um dia depois, o ministro da
Economia, Paulo Guedes, sugeriu que poderiam pedir um “AI-5” para lidar com a situação.

– Na minha percepção, o único interessado em distúrbios pode ser o próprio governo, para
justificar medidas de exceção como as cogitadas por Guedes. O governo está ciente da
ameaça política representada pelo caso Queiroz, pela CPMI das Fake News etc,
principalmente se a retomada econômica for insuficiente.
– A vida é assim, nada fixo nem permanente. Ignorar isso é a origem do sofrimento.

Um dia Lula está preso,…noutro está Lula livre,…. Num dia, Bolsonaro, ainda deputado, motivo de piada entre a centro-direita. Noutro, presidente da República. Num dia, o DEM quase extinto, noutro o fiador de reformas econômicas.

– Mas e se estivermos mesmo caminhando para o pior, esse circo todo preenche você? O
que lhe distraiu do que realmente importa?

Lula no 7º Congresso do PT, em São Paulo – Foto Ricardo Stuckert

– Lula, durante o Congresso do PT, no fim de semana, dobrou a aposta na polarização.
Tudo bem que ele disse que não se trata de ser o inverso de Bolsonaro, mas o avesso, isto
é, democracia contra o autoritarismo, o econômico a serviço do social, direitos humanos
contra a doutrina da lei e da ordem, e a da segurança nacional. Pelo menos na visão dele.
Mas, ao chamar a polarização, Lula ergueu uma parede em cada ouvido que não gosta
dele.

– Há quem sustente que agora Lula significa uma política da vida e Bolsonaro uma política
da morte e do desejo de oprimir, e que seriam esses os dois extremos reais que moveriam
as pessoas nos tempos atuais. Menos.

– Extremos ou não, somos todos iguais como a vida da Terra e só progredimos juntos. É
algo muito além, real e urgente do que Lula x Bolsonaro ou das pretensões do centro de
roubar-lhes a preferência. Algo muito antes da luta de classes.

– O central aqui é esse despertar ou apenas usar novas linguagens para atrair partidários?
– Há quem garanta que Bolsonaro não disputa hegemonia, mas um equilíbrio de posições,
sendo a vez do conservadorismo ganhar força, só que esses apontam como inimigos o
centro e a esquerda, vendidos como a mesma coisa. E aquela ideia de que não podemos
nos dividir entre brancos e pretos, homos e héteros e tal, só vale para quem disser amém à
revolução conservadora?

– Esse negócio de que tem uns mais iguais do que outros já passou de mão em mão na História, e, agora, volta à da direita.

– Já Rodrigo Maia e o Centrão circulam, desde a semana passada, um vídeo na internet em que o centro é promovido como ponto de equilíbrio para o país escapar da polarização. No entanto, será que as pessoas não acharão que o sistema político, no fundo, está é de olho em R$ 2,1 bilhões em emendas parlamentares retidas ainda do acordo pela Reforma da Previdência? Seria o centro o ponto de equilíbrio do establishment político?

– Falta espelho aos políticos. E este espelho que falta é você mesmo. Para melhorar o reflexo representante-representado, que tal começar por coisas mais simples como não destruir gratuitamente qualquer forma de vida, não mentir, não roubar, não manipular, ter uma existência austera, praticar a comunicação não-agressiva e se esforçar todos os dias para fazer o melhor nessa direção? Que tal exigir o mesmo dos políticos para que sejam dignos de seu like, retweet, compartilhamento e voto?

– Qual a dificuldade em Lula, Bolsonaro, Rodrigo Maia e outros se comprometerem com isso? Risos? Acha que só deve valer para os políticos?

– Esse é o caminho que leva ao equilíbrio imprescindível para uma sociedade das pessoas livremente associadas, onde o Estado não pode ser nada além do que a coordenação geral das comunidades e não o escritório que gerencia múltiplos interesses. A um regime político para aquilo, sim, poderíamos chamar Democracia Responsável.

-Time is politics,

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