O mundo está novamente à beira do pânico. Acompanhamos na velocidade do tempo real a impressionante a ação e consequência do surto do Coronavírus, agora declarado pela Organização Mundial da Saúde como pandemia. Ou seja, elevado ao grau de crise global e que tem a ameaça à vida humana como centro.
São várias as endemias que assolaram o planeta ao longo do tempo. Porém, duas delas marcaram profundamente a história da humanidade. E deixaram um enorme rastro de mortes. São as devastadoras Peste Negra e Gripe Espanhola.
Assim como agora o surto do Covid-19, as duas pandemias anteriores também tiveram origem nos animais — morcegos e ratos, provavelmente. Os sintomas das três são idênticos, ou parecidos: dores musculares, febre, cansaço, insônia, inflamação na traquéia, dificuldade para respirar, dor de cabeça intensa e falta de concentração.
O lado positivo de situações como essas é que a ciência sempre avança nos estudos que contribuem com soluções para a medicina. Entretanto, se as duas primeiras tiraram milhões de vidas humanas, essa pandemia de agora vai gerar prejuízos incalculáveis na Economia, bilhões, trilhões de dinheiros.
É verdade que o número de vítimas de contaminação e mortes de hoje está longe de repetir os da Peste Negra e da Gripe Espanhola. A causa da não maior proliferação e contágio deve-se com certeza à Comunicação. É ela que, ao contrário das crises anteriores, chega a cada cidadão da atualidade orientando sobre os cuidados para evitar o contágio.
A Peste Negra durou dez anos, de 1343 a 1353. Nesse período tirou a vida — de acordo com aferições muito provavelmente incertas — de entre 75 a 200 milhões de homens, mulheres e crianças da Europa e Ásia. São números com certeza imprecisos. Não se pode cravar com exatidão sequer a população do planeta naquela época. Mas são os cálculos que a história registra.
O ano de 1918 ficou marcado pela Gripe Espanhola. Segundo consta, aproximadamente de 50 a 100 milhões de pessoas pereceram naquela que ficou conhecida como o mais letal surto de vírus da humanidade. Também não há certeza quanto a precisão desses números. Até porque as informações sobre a verdadeira população do planeta naquela época eram praticamente impossíveis de serem exatas. Tal como é hoje em relação à clareza dos números sobre a China e a Índia. São, portanto, estimativas aproximadas.
Ainda assim, cálculos indicam que o quantidade de vítimas chegou a um quinto da população mundial. Pode-se afirmar, contudo, que a Gripe Espanhola resultou em mais óbitos que a soma das duas grandes guerras. Estamos falando do início do século passado, quando os aviões a jato nem existiam. E, embora já tivessem o telégrafo, as ondas do rádio e os jornais impressos, estava longe da velocidade e instantaneidade da maravilha da comunicação de hoje, com o advento da televisão, da Internet, etc.
A origem da Gripe Espanhola, que teve duração de 15 meses, foi o vírus da Influenza. E o surto recebeu esse nome porque as primeiras notícias levadas a público sobre a endemia partiram da Espanha. Acontece que o país havia adotado posição de neutralidade na I Guerra Mundial, recém finda e, por isto, não sofria com a censura imposta à imprensa das outras nações da Europa. Portanto, os sinais do telégrafo, a voz do rádio e as páginas dos jornais difundiram a existência e letalidade da doença.
Assim como em outros continentes, a Gripe Espanhola chegou também à América Latina. No Brasil, em torno de 12 mil pessoas morreram em decorrência da peste. Entre elas, o próprio presidente da República, Rodrigues Alves, em 1919. Supõe-se que a sequência pneumônica entrou no país nos marinheiros brasileiros que viajaram pela Europa e África e desembarcaram nos portos de Recife, Rio Janeiro, Fortaleza, Santos e Salvador.
No Rio, à época capital federal, o cientista Oswaldo Cruz e sua equipe de pesquisadores debruçaram-se nos estudos para ajudar a debelar o mal. Para conter o contágio e evitar a disseminação da Gripe Espanhola as autoridades tomaram providências. Determinaram o não funcionamento das escolas e estabelecimentos comerciais, o recesso nas repartições públicas, a proibição da abertura dos cabarés, restrição aos horários dos bares e restaurante e adiamento das festas populares. Tal como hoje. A história realmente se repete.
