Ônibus – O clamor das pequenas transportadoras ou Para que serve uma capital federal

Fotos Orlando Brito

É assim mesmo. Seja na França, no Paraguai, no Quênia ou na Dinamarca.

Em todos os países, as capitais federais são o endereço para onde acorrem as categorias da sociedade que buscam solução para seus problemas. Depois de esgotarem seus argumentos na esfera municipal, com os vereadores e prefeitos, e no campo estadual com as câmaras legislativas locais e governadores, partem para a instância federal. No caso do Brasil, é em Brasília aonde estão a sede principal das entidades de classe, os ministérios, os tribunais superiores, o Congresso Nacional, a Presidência da República.

Nessa quarta-feira a Esplanada dos Ministérios amanheceu tomada por ônibus de vários estados. Em torno de 300. São aproximadamente mil motoristas, ajudantes, atendentes e seus familiares. Mas qual é a sua causa?

Reivindicam a modernização das regras do setor de transportes para coletivos. Os pequenos proprietários de empresas de ônibus querem que o fretamento de viagens por aplicativo — no caso o Buser — tenha o mesmo tratamento de outros serviços em funcionamento, tal como o Uber para automóveis e das várias modalidades de iFoods para motos e bicicletas. Desejam a imediata abolição do chamado “circuito fechado” que obriga a venda de passagens das viagens de ida e volta do mesmo destino por empresas de grande porte.

Os donos de ônibus avulsos garantem que seus veículos atendem às condições de segurança, higiene e bem-estar para atender a todos os passageiros, tal como exige a Confederação Nacional de Transportes Terrestres. Alegam que a ANTT lhes dá tratamento diferenciado, em benefício das grandes companhias de coletivos. Reclamam das altas multas que recebem e temem pelo fechamento de várias pequenas empresas.

Em Brasília, esperam merecer a atenção da grande mídia, das autoridades federais, dos parlamentares que integram o Congresso Nacional e do Palácio do Planalto.

O esforço dos manifestantes não foi, enfim, tão em vão. Conseguiram um rápido contato no cercadinho do Alvorada com Jair Bolsonaro. Este os pôs em contato com o ministro Tarcísio Freitas — que, aliás, está acometido pela Covid — que prometeu futuras providências.

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