Histórias do Carnaval – Joãosinho Trinta e o Cristo censurado

Joãosinho Trinta, carnavalesco da Beija Flor, comemora com com jatos de água e sob a chuva o sucesso da apresentação da Escola de Samba. Rio, 1989.

Como foi – Perdi a conta de quantas vezes fui cobrir o Carnaval na Avenida Marquês de Sapucaí. Mas sei que todos foram emocionantes, cada uma pela qualidade da festa, das cores, dos sambas, da beleza das fantasias e, enfim por tudo que compõe aquele majestoso espetáculo. Mas esse aí, é inesquecível.

O enredo da Beija Flor de Nilópolis era “Ratos e urubus, larguem minha fantasia”, marcado pela irreverência e ousadia, característica marcante de João Jorge Trinta. Todos os passistas, os músicos da bateria, os destaques e alegorias retratavam a pobreza, todos como mendigos. Até mesmo a reprodução do Cristo do Corcovado estava vestida com roupas esfarrapadas. A Igreja protestou e a solução foi envolver a imagem de Jesus com plástico preto.

O impacto visual foi tão grande que as pessoas nas arquibancadas e nos camarotes do Sambódromo ficaram chocadas. Ainda assim, mesmo com a beleza da Escola, a Beija Flor não foi a campeã. A campeã foi a Imperatriz Leopoldinense, com o enredo “Liberdade, liberdade, abre as asas sobre nós”.

Restou ao artista plástico maranhense – que deu novo conceito aos desfiles das escolas de samba – comemorar à sua maneira. E entrar para historia. Marcante Carnaval. Grande Joãosinho Trinta, falecido em dezembro de 2011.

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