Os conflitos agrários agora no colo do Planalto

Dante de Oliveira, primeiro ministro da Reforma Agrária, ainda no governo Sarney, Foto Orlando Brito

Com a redemocratização do país a reforma agrária teve um espaço especial no governo do PMDB, mas longe do Palácio do Planalto para evitar jogar no colo da Presidência da República conflitos pelo controle da terra. Com a decisão do presidente Michel Temer de trazer para o comando da Casa Civil todos os órgãos responsáveis pela reforma agrária fica a pergunta: mudou a visão do governo do PMDB sobre a reforma agrária ou estão equacionados os problemas agrários do país?

Na Nova República, o ex-presidente José Sarney criou o Ministério da Reforma e Desenvolvimento Agrário (Mirad) com o objetivo de promover o assentamento de 1,4 milhão de famílias. Escolheu para comandar o ministério Nelson de Figueiredo Ribeiro, uma das maiores autoridades do país sobre a questão fundiária.

Os conflitos foram tantos que Nelson Ribeiro ficou apenas um ano no cargo. Um dos políticos mais prestigiados da época, o deputado Dante de Oliveira, autor da Emenda das “Diretas Já” substituiu Ribeiro com a ideia de que o problema do avanço da reforma agrária era político.

Dante de Oliveira, após um ano e um mês a frente do Mirad foi substituído pelo senador Marcos Freire, que morreu em um acidente aéreo três meses após tomar posse. O deputado do Pará, Jader Barbalho, foi o último dos políticos do PMDB a comandar o ministério da reforma agrária  no governo de José Sarney.

O governo de Michel Temer está atribuindo ao ministro Eliseu Padilha um grande protagonismo, que remonta as tradições e e a bandeira da questão agrária levantada pelo PMDB na nova república. Padilha terá tempo para receber e negociar com líderes dos movimentos sociais ligados à terra, como Pedro Stédile, entre outros, que questionam a legitimidade do atual governo?

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