O que está por trás dos discursos feitos hoje pelas lideranças do agronegócio ao presidente interino, Michel Temer, sobre segurança jurídica no meio rural e venda de terras agrícolas a estrangeiros é um negócio bilionário.
O presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abong), Luiz Carlos Corrêa Carvalho, que esteve na reunião-almoço de Temer com a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), estimou em R$ 230 bilhões o potencial de novos investimentos em toda a cadeia produtiva da agricultura, que poderiam ser feitos com capital estrangeiro em condições mais competitivas.
Os investimentos não vêm ocorrendo por falta de segurança jurídica para os negócios, como regras sobre demarcações de terras indígenas e aplicação de licença ambiental, entre outras definições que dependem da ação do setor público.
Luiz Carvalho disse que se for aprovado o projeto de lei 4059/12, que tramita na Câmara Federal, onde ficam estabelecidas as condições para aquisição de terra no Brasil por estrangeiros e mecanismos de financiamento externo, o agronegócio poderá dobrar de tamanho e importância na economia, mesmo no curto prazo.
O agronegócio então teria um potencial de investimentos de mais de R$ 460 bilhões por ano, contra os R$ 230 bilhões de hoje bancados pelas linhas oficiais de crédito, como o Banco do Brasil. A diferença passaria a ser financiada com instituições de crédito no exterior, onde as taxas de juros são muito mais baixas do que as praticadas no mercado interno. Hoje isso não é feito, uma vez que as propriedades rurais não podem ser entregues como garantia aos financiamentos concedidos pelas instituições financeiras estrangeiras.