(In)verdades que o eleitor vai ouvir até as eleições

Pode chamar de fake news. Períodos eleitorais tornam mais criativas as mentes dos candidatos, experts em dizer o que os eleitores querem ouvir. Pode chamar também de viés de confirmação

Título eleitoral, documento da democracia, instrumento que vai definir que país seremos nos próximos quatro anos

Às portas das eleições gerais de outubro de 2022, quando 156.454.011 de eleitores começarão a moldar o Brasil dos próximos quatro anos, algumas verdades encaradas como mentirosas e muitas mentiras que soam como verdadeiras brotarão da lábia dos candidatos e da maquinação de propagandistas. Abaixo, uma breviário de (in)verdades que os eleitores ouvirão – muitas vezes para confirmar o que já creem. Guia prático: elas podem ser colocadas às avessas a depender da preferência do interlocutor.

Incêndio florestal na Amazônia brasiliana – Foto: Daniel Beltrá / Greenpeace

* O meio ambiente brasiliano, especialmente a Amazônia, está sendo preservado.

* O Mensalão e a Lava-Jato foram invenções do Ministério Público. A confessada corrupção recorde de bilhões de reais, expressamente condenada por todas as instâncias da Justiça, nunca existiu. Caso tenha havido algum desvio, foi culpa dos procuradores e dos aliados políticos do Governo.

* A imunidade parlamentar é inviolável e a livre manifestação de pensamento um direito, mesmo que o alvo seja um sufeta.

* O Governo defende a democracia, em que pesem os encômios às finadas ditaduras da Argentina, do Chile, do Paraguai e do Brasil.

* Do outro lado, a democracia é igualmente um valor permanente, apesar da defesa explícita dos correntes regimes de Cuba, da Venezuela, da China e da Nicarágua.

* Não há abuso de poder quando um juiz, vítima de um ataque verbal, se torna acusador, xerife, inquiridor e carcereiro do agressor, além de árbitro de si mesmo. Pretores são imparciais.

* Os juízes eleitorais, que têm a senha das urnas de votação, querem interferir no resultado das eleições de outubro de 2022.

Explosões na Ucrânia,  no leste europeu, após invasão da Rússia – Foto: reprodução do Twitter

* Na invasão da Ucrânia pela Rússia, agredido e agressor são igualmente culpados. Portanto, a morte de civis ucranianos e a destruição da Nação invadida são culpas de ambos, Ucrânia e Rússia. Afinal, quando um não quer, dois não brigam e um apanha calado.

* Desacreditar reiteradamente as urnas eletrônicas não debilita a democracia. Ter sido eleito 7 vezes deputado federal e 1 vez presidente da República por este sistema eleitoral não indica que elas sejam confiáveis.

* Militares não tomaram partido nas eleições deste ano.

Hospitais lotados com pacientes infectados pela Covid-19

* Na crise sanitária da Covid-19, o Governo trabalhou desde o início pela saúde da população e para combater o coronavírus.

* Do lado oposto, desemprego recorde e recessão inédita não foram responsabilidade do Governo.

* Nenhum mandatário interferiu na Petrobras, tampouco manipulou-a politicamente por interesses eleitorais.

* Houve fraude eleitoral na eleição de 2018, onde o vencedor obteve 57,7 milhões de votos (10 milhões a mais do que o adversário).

O reflexo do impeachment da presidente Dilma Rousseff no Palácio do Planalto, em Brasília – Foto: Orlando Brito

* O impeachment da mandatária eleita foi um coup d’état, com a chancela unânime da Corte Suprema, o voto da maioria parlamentar acachapante e o respaldo de amplo apoio popular.

* Não há corrupção no Governo Federal.

* A chamada extrema direita, que antes vivia no armário, deu às caras e resolveu fazer política explícita, o que é negativo, pois só quem pode dizer bobagens é a chamada extrema esquerda.

* A intimidade de um miliciano com um mandatário é normal, nada diz a respeito do caráter do mandatário. Nem o do miliciano.

* A aliança com o Centrão é exclusividade do hodierno governo.

O Auxílio Brasil, agora turbinado, beneficia milhões de brasileiros pobres e miseráveis – Foto: reprodução da internet

* O aumento de R$ 200,00 do Auxílio Brasil e a duplicação do Vale Gás (para R$ 120,00) vão quebrar o Brasil. Pobres e miseráveis podiam esperar mais um pouco por estes benefícios. Afinal, o Governo Federal já despende bilhões com benesses para servidores, bilhões para financiar partidos políticos e bilhões com obras inacabadas ou mal planejadas, além de abrir mão de bilhões com gasto tributário.

* O novo Congresso Nacional, eleito em 2022, vai estar repetindo o erro do atual caso prorrogue o valor do novo Bolsa Família – ou, pior, torne-o definitivo.

Estátua da Justiça em frente ao Supremo Tribunal Federal, a corte máxima da Justiça brasiliana, tendo o Congresso Nacional ao fundo – Foto: Orlando Brito

* Os sufetas não se envolvem em política e julgam de acordo com a Constituição. Quando mudam uma decisão em 180º estão apenas atualizando o app da Justiça. Ou corrigindo a Constituição, tanto faz.

* Não existem eleitores idiotas. A crença em salvadores da pátria, o esporte nacional de furar filas, o orgulho de cidadãos que alardeiam a vantagem que levam sobre os concidadãos e a preferência pelo sertanejo não tornam um povo idiota.

* Como se sabe, o problema do Brasil não é o povo, mas os 594 parlamentares por ele eleito pelo voto direto, secreto, universal e livre.

* Regulamentar a mídia não significa censurar a imprensa.

* O aborto é exclusivamente uma questão de saúde pública; nada tem a ver com moral, ética, direito à vida, conceito de vida e direitos humanos dos nascituros.

* O politicamente correto não é impositivo nem patrulheiro. E nada tem a ver com a reação do conservadorismo.

* As chamadas direita e esquerda são opostas – embora seus extremos, na essência, se aproximem, como no liberticídio e no autoritarismo.

Na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, manifestantes pró-Bolsonaro pedem intervenção militar e fechamento do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal – Foto: Orlando Brito

* A radicalização em alta acelerada no Brasil vai cessar em outubro deste ano com a vitória de um dos extremos políticos brasilianos.

* Quem é democrata só tem uma opção em outubro; para quem é cristão, resta apenas o outro lado.

* É preciso subjugar o oponente e seus apoiadores – mesmo que cada um dos lados detenha legião de seguidores que pode representar 20% a 30% da população.

* Em 2022, quem não votar num extremo é fascista; quem não votar no outro, é comunista.

* Apoiar a moderação e a tolerância políticas não significa pacificar o País e remover a polarização do poder para baixar a poeira do radicalismo como forma de priorizar o desenvolvimento econômico e social.

* Os moderados, que rejeitam os extremos, são os responsáveis pelo quadro de polarização em curso, pois não votam no lado certo.

Deixe seu comentário