O Comitê Olímpico Internacional (COI) e o Comitê Rio 2016 querem aproveitar a mudança de governo para jogar para cima de Michel Temer a conversa que não estava mais colando no governo Dilma Rousseff: querem mais dinheiro do governo federal para bancar gastos com as Olimpíadas. Eles têm esperança de que, com a mudança e a troca dos principais responsáveis pela organização dos Jogos em Brasília, possam conseguir recomeçar a conversa.
O problema é que a lista de obrigações que seriam da Rio 2016/COI, ou seja, da parte privada dos Jogos, e que eles sonham em passar para frente, é enorme: gasolina e motoristas para os carros dos dirigentes e delegações, complemento no projeto de energia elétrica, parte das instalações provisórias, como o vôlei de Copacabana, etc, etc.
O governo federal, além de pagar a construção de ginásios e arenas, já assumiu outros gastos dos jogos, como materiais esportivos e toda a segurança dentro das arenas – o que, inicialmente, era obrigação do COI. Assumiu esses gastos para não ter que injetar dinheiro na veia do Comitê, que teria dificuldades para fiscalizar.
Só que o governo federal é fiscalizado pelo TCU, que já avisou que não quer ver mais dinheiro público bancando obrigações do COI e ameaça entrar com tudo para fiscalizar esses gastos. Bolas, por exemplo, não poderiam ser compradas porque não são consideradas legado.
O risco agora é o governo que está chegando cair na conversa e não levar em conta o que já foi feito por seus antecessores, sobretudo nesses tempos de vacas magras no Brasil. Até porque o COI está tendo um lucro recorde neste ciclo olímpico (de Londres para cá): US$ 5 bilhões, segundo a mídia internacional.