Na Universidade Federal de Pelotas, referência internacional brasileira para acompanhamento estatístico da pandemia do novo coronavírus, não há espanto pela participação de não-médicos no sistema de controle da doença. O líder do projeto, reitor da UFPel, Prof. Pedro Rodrigues Curi Hallal, também não é médico, embora seja altamente qualificado nas ciências da saúde. O assunto surgiu devido às críticas ao ministro interino da Saúde, general Eduardo Pazzuello, que, mesmo não sendo médico, levou para auxiliá-lo uma equipe majoritariamente formada por oficiais do Exército da área de logística.
O professor Hallal é um especialista reconhecido mundialmente no segmento de controle de epidemias. Graduado em Educação Física, com mestrado (2000) e doutorado (2005) em epidemiologia, é pós-doutorado na Universidade de Londres. No Rio Grande do Sul, uma das experiências mais bem-sucedidas nessa área hospitalar, também foi levada a cabo por pessoal não-médico, embora qualificados na gestão em saúde.
A reestruturação e relançamento da Santa Casa de Porto Alegre, que saiu de uma situação de penúria para converter-se em referência mundial na especialidade de transplantes de órgãos, foi liderada por três pessoas, dois leigos em medicina: o administrador de empresas José Darcy Rodrigues e o doutor em filosofia e teologia, cardeal Dom Vicente Scherer, e o médico João Polanksi. Este episódio foi contado no livro “O Cardeal e o Guarda-Chuva”, do jornalista Elmar Bones. Detalhe: tanto a UFPel quanto a Santa Casa são história de pleno êxito.