Primeira morte em Pelotas: cai a última trincheira

Pelotas (RS) torna-se a última cidade com mais de 200 mil habitantes no Brasil a registrar uma morte pelo coronavírus. A prefeita, Paula Magalhães, é potencial candidata para substituir o conterrâneo, Eduardo Leite, à frente do governo gaúcho daqui a dois anos

A prefeita Paula, de Pelotas

Caiu a última trincheira que resistia à covid-19 no País. A prefeita de Pelotas (RS), Paula Mascarenhas, foi à TV dia 20 de junho para registrar a primeira morte de uma paciente infectada pelo novo coronavírus, que estava há 30 dias agonizando na UTI do Hospital da UFPel (Universidade Federal de Pelotas).

A cidade gaúcha era a última com mais de 200 mil habitantes no país a não registrar nenhum óbito até então. A vítima tinha 51 anos e sofria de uma cardiopatia crônica, que foi a causa final do falecimento.

A prefeita Paula Mascarenhas, do PSDB, sucedeu no cargo o atual governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite. Os dois são declaradamente contrários à reeleição. O nome dela aparece como uma provável opção dos tucanos para tentar manter o governo do Rio Grande do Sul em 2022

A prefeita é descendente direta do General Osório, que tinha sua base eleitoral em Pelotas, como líder do Partido Liberal. Ela é descendente da filha Manuela, uma da das principais fontes históricas para o conhecimento do pensamento do patrono da cavalaria, que são as cartas que ele enviava à sua filha quando estava em campanhas militares.

Paula Mascarenhas é uma política que tem sua origem no segmento cultural. Projetou-se como líder de um movimento para a recuperação da memória do escritor Simões Lopes Neto, autor dentre outras obras, da lenda do Negrinho do Pastoreio, uma das narrativas mais difundidas em todo o País.

Governador Eduardo Leite

Na gestão de Eduardo Leite foi secretária de Cultura do município e venceu as eleições para suceder o atual chefe do governo gaúcho. Sua reeleição em 2022 seria certa, segundo observadores, mas ela ainda não decidiu abandonar seu propósito de não disputar o segundo mandato.

Pesquisadores hostilizados

A Universidade Federal de Pelotas tem grande destaque nos esforços para contenção da covid-19 no País. O reitor da UFPel, Pedro Curi Hallal, considerado uma referência internacional nessa questão, é o coordenador um programa nacional para medir a disseminação da pandemia em todo o território nacional. Este projeto está colhendo amostras de 100 mil pessoas em 133 municípios brasileiros. Entretanto, segundo informou, seus pesquisadores foram hostilizados em vários estados: Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Rio Grande do Norte, Pará e Piauí.

Em Santarém (PA), a polícia levou a equipe da pesquisa para a delegacia e apreendeu os testes para a covid-19. Houve detenções em São Mateus (ES), Imperatriz (MA), Picos (PI), Patos (PB), Natal (RN), Crateús e Serra Talhada (CE), Rio Verde (GO), Cachoeiro do Itapemirim (ES), Caçador (SC) e Barra do Garça (MT), afirmam os coordenadores do trabalho, da Universidade Federal de Pelotas, e o Ibope, que faz o trabalho de campo. Em Mossoró (RN), os entrevistadores relatam que foram agredidos na rua, acusados de violar a quarentena. Em Crateús (CE), as autoridades disseram que não poderiam garantir a segurança da equipe.

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