A empulhação das redes sociais

Cada senador, e cada deputado, é eleito por um Estado ou por determinada região, um distrito eleitoral, e é a estes eleitores que deve prestar contas e deve submeter seus votos em temas polêmicos. Mas alguns parlamentares decidiram se libertar de seus eleitores e anunciam submeter seus votos “à população brasileira”. Será que isto corresponde a uma traição?

Para captar este sentimento “nacional”, parlamentares anunciam que vão se submeter à maioria das opiniões expressas nas redes sociais. Ou seja, vão submeter os votos dos seus eleitores a robôs e à “população” brasileira e estrangeira. Estes parlamentares se consideram “modernos” e “sintonizados” com a opinião pública.

Um senador chegou a fazer propaganda de uma rede social, que está sendo questionada mundo afora por ter corrompido o sigilo de seus clientes e entrega-los a terceiros, por interesses comerciais e até políticos. Esta empresa diz estar se corrigindo, para restabelecer seu valor na Bolsa de Valores.

Desacreditada, esta empresa precisa de propagandistas. Quem acredita que uma rede social possa ser imune aos robôs? Além disso, podemos afirmar que as redes sociais estão contaminadas por corporações e grupos de pressão. Representantes de grandes empresas e de bancos já estão armadas para invadir as redes sociais quando um projeto for de seu interesse.

Por isso, talvez, um parlamentar eleito em determinado Estado deveria instalar urnas nas cidades e bairros onde residem a maioria de seus eleitores. Eles se manifestariam sobre as propostas a serem votadas no Congresso. Ou será que os parlamentares confiam nos eleitores para elegê-los, mas não confiam para ajuda-los a definir seus votos no Congresso?

O entregar seu voto a terceiros da menos trabalho que ouvir seus próprios eleitores. É preciso se reunir com seus eleitores e debater as propostas. Percorrer cidades e territórios. É mais fácil ficar com o bundão sentado, pedir para um assessor ficar olhando o celular, bocejar, ler o relato que lhe é transmitido e depois encher a boquinha para anunciar que fala em nome da população brasileira.

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