Copa América no Brasil é deboche de Bolsonaro

A perspectiva de que, com o inverno, chegue também uma terceira onda da pandemia, torna ainda mais macabro trazer um torneio rejeitado pela Colômbia e Argentina

Bolsonaro com o presidente da CBF, Rogério Caboclo, no Planalto - Foto Divulgação

No momento em que especialistas alertam para o risco de uma terceira onda da pandemia com a chegada do inverno, o presidente Bolsonaro, adepto da tal imunidade de rebanho, autoriza a realização da Copa América de futebol aqui no Brasil. Isso depois desse torneio caça-níquel da Conmebol ter sido desmarcado na Colômbia e na Argentina. É puro deboche.

Recife, Porto Alegre e Natal já se negaram a receber jogos. Espera-se que o governador Ibaneis Rocha tome a mesma atitude em Brasília e o Rio de Janeiro também o faça e ajudem a inviabilizar esse festival de insensatez. Os grandes clubes europeus ainda não reagiram, mas jogadores do peso de Cavani e Luis Suárez já se manifestaram a favor de novo adiamento do torneio.

A CPI da pandemia já está avaliando como meter seu bedelho nessa história. O vice-presidente da Comissão, senador Randolfe Rodrigues, já anunciou a convocação do presidente da CBF, Rogério Caboclo, que já mal das pernas na própria entidade. “Com mais de 462 mil mortes sediar a Copa América é um campeonato de morte. Sindicato de negacionistas: Governo, Conmebol e CBF. As ofertas de vacinas mofaram em gavetas, mas ok para p torneio foi ágil. Escárnio”, escreveu o senador Renan Calheiros, relator da CPI, nas redes sociais.

Maracanã vazio – Divulgação

Há um outro caminho ainda mais rápido: o deputado Júlio Delgado, zagueiro de peso, já está recorrendo ao Supremo Tribunal Federal para cassar a autorização dada por Bolsonaro, que mereceu o agradecimento da Conmebol por “abrir as portas desse país para o evento esportivo mais seguro do mundo”. Em meio a manifestações desse naipe, o vice-presidente Hamilton Mourão perdeu uma excelente oportunidade de ficar calado. Veja o disparate que ele proferiu em entrevista à imprensa:

— Vamos dizer o seguinte, que é menos…Não é que seja mais seguro, é menos. Não é que seja mais. É menos. O risco continua.

É difícil defender o indefensável. Ainda há tempo para se cancelar o torneio.

A conferir.

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