Como um erro leva a outro no governo Temer

Deputados André Moura e Eduardo Cunha. Foto Joel Rodrigues/ObritoNews

Ah, se ceder hoje para a Cultura, semana que vem vamos ter que ceder para a Ciência e Tecnologia. E, aí, fracassa a narrativa do exemplo da redução de ministérios. Ouvi isso como justificativa para o presidente Michel Temer não recriar o Ministério da Cultura. Juro que não entendi. A principal característica desse governo é o pragmatismo. Desistiu dos chamados notáveis para atender ao conjunto dos parlamentares, com algumas escolhas bem esquisitas para o ministério, como o deputado Ricardo Barros (PP-PR) para a Saúde.

Pelo bem e pelo mal, até aí foi compreensível. Os articuladores do governo Temer apostam na sua sobrevivência no apoio majoritário na Câmara e no Senado. Mas isso parece muito, mas é pouco. Ao fazerem essa opção, não levaram em conta o que acontece fora desse mundinho. O Congresso é vital para a sua manutenção. Mas foram as ruas e a maioria da sociedade que bancaram a saída de Dilma Rousseff. Na definição sobre onde ficaria a Cultura, o governo perdeu o leme e virou um ioiô.

O incompreensível para um time que se considera de profissionais da política, é a sequência de erros que se seguiu a trapalhada na Cultura. O senador Renan Calheiros, nesse momento um parceiro estratégico, até apresentou uma saída. Temer fingiu que concordou. Mas resolveu compensar outro erro político que cometeu e desandou a maionese.

Qual erro? A aparentemente razoável aposta na escolha do deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), um consenso entre seus conselheiros Geddel Vieira Lima e Moreira Franco, para ser o líder do governo na Câmara. Só que ele não tem apoio da sua maioria na Câmara. Ao fazer essa opção, abriu espaço para Eduardo Cunha escolher e impor um candidato dessa maioria, o deputado André Moura (PSC-SE), um parceiro fiel com vários inquéritos e três denúncias no Supremo Tribunal Federal. Temer teve que engolir. Só que esse erro gerou um outro. Resolveu compensar Rodrigo Maia e seu partido com a nomeação para a Secretaria Nacional de Cultura de Marcelo Calero, um sujeito simpático, apadrinhado da turma, sem nenhuma relevância na área cultural. Incrível como escolheram querosene para apagar um dos poucos fogos com combustão para queimar a imagem do novo governo.

 

 

 

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