Bispo perde Agricultura, PP balança na Saúde, mas todos acabam ganhando

Vice-presidente Michel Temer. Foto Orlando Brito

 

 

 

É o filme de sempre. A cada dia, o vice-presidente Michel Temer tem que refazer o desenho da equipe que pretende nomear quando assumir o governo, com o afastamento da presidente Dilma Rousseff. Na conversa com os dirigentes tucanos, na noite de terça-feira (26), Temer afirmou que seu propósito era escalar um time de 20 ministros, número máximo para ocupar os prédios projetados por Oscar Niemeyer na Esplanada dos Ministérios. Mas, admitiu, não conseguiu. Disse que fechou a porteira com 24 ministros. Para ficar nisso, vai ter que resistir às mais variadas pressões.

Entre elas, algumas pendências relativas à votação do impeachment na Câmara. Para recordar, o ex-presidente Lula ofereceu mundos e fundos a alguns partidos cujos votos eram tidos como decisivos. Com o maior deles, o PP, teria negociado, entre outras benesses, o Ministério da Saúde. O escolhido para a Saúde, órgão com mais verbas da esplanada, seria o deputado Ricardo Barros (PR), então vice-líder do governo. Mesmo assim, o PP mudou de lado. No entendimento do partido, as promessas feitas por Lula e por outros articuladores de Dilma teriam novos avalistas — os que negociaram em nome de um futuro governo Temer.

Só que uma das raras coisas que unem a numerosa bancada do PMDB na Câmara é a disposição de manter o comando do Ministério da Saúde.  A ala do partido que comandou a luta pelo impeachment tem como candidato o deputado Osmar Terra (RS), um médico com forte atuação na Frente Parlamentar pela Saúde. O grupo ligado ao líder do PMDB, deputado Leonardo Picciani, também não abre mão do partido continuar à frente da Saúde. Explica-se. De acordo com as duas correntes do partido, antes de pedir o boné nessa quarta-feira, o ministro Marcelo Castro acomodou indicados por correligionários nesse gigantesco ministério.

Outra bola dividida teve uma meia solução na quarta-feira. No esboço original do governo Temer, o PRB, partido ligado à Igreja Universal, ficaria com o Ministério da Agricultura. O escolhido seria o bispo Marcos Pereira, presidente do partido. O braço político do agronegócio não concordou, vetou e levou. Ontem, em audiência na Vice-Presidência da República com os representantes da Frente Parlamentar da Agropecuária, Michel Temer se comprometeu a escolher um ministro com representatividade no setor. O bispo dançou na Agricultura. Mas certamente receberá uma boa compensação.

A questão é como resolver esses impasses sem no mínimo criar outros conflitos aparentemente resolvidos na montagem do ministério. Em todos os governos, montar um ministério ou simplesmente reformá-lo é uma equação que facilmente se complica. Os políticos adoram esse jogo. Veem nele oportunidades. Esse é o verdadeiro problema.

 

 

 

 

 

 

 

 

Deixe seu comentário