Guerra à vista

Após sua vitória, ficou evidente a mudança de tom do presidente eleito Jair Bolsonaro em seus pronunciamentos. Natural, com o fim da disputa eleitoral e também compatível com a responsabilidade que o novo cargo lhe confere, amplificando tudo que ele faz ou diz. Já sua nova base parlamentar segue fiel ao discurso de campanha.

Joyce Hasselmann, foto SBT

Duas das principais integrantes da bancada bolsonarista na Câmara, as deputadas federais eleitas Joice Hasselmann (PSL-SP) e Bia Kicis (PRB-DF) deixaram claro, em evento promovido pela Associação Brasileira de Relações Institucionais e Governamentais (Abrig), a preocupação em manter um contato estreito com os eleitores que conquistaram durante a eleição deste ano.

Cotada para assumir a liderança do PSL na Câmara, cargo ocupado hoje pelo colega de bancada e filho do presidente, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), Joice Hasselmann fez questão de transmitir sua conversa com a Abrig sobre “Os 200 primeiros dias de governo” em seu perfil no Facebook. Com mais de dois milhões de seguidores, ela garantiu que a transmissão ao vivo fosse visualizada por quase noventa mil internautas.

Com braceletes dourados nos dois braços — presente de um eleitor que a compara à heroína dos quadrinhos “Mulher Maravilha” —, Joice explicou que pretende exercer o mandato como um ‘reality show’ permanente e, ao que tudo indica, sem papas na língua ou medo de comprar qualquer briga, se necessário.

Estatua da Justiça em frente ao STF

Um dos alvos de Joice deverá ser o Supremo Tribunal Federal (STF). Em meio às especulações de que Bolsonaro poderá revogar a “PEC da bengala”, que aumentou de 70 para 75 anos a idade de aposentadoria de ministros de tribunais superiores, ela defendeu que ministro do STF tenha mandato fixo, de oito anos, e seja passível de demissão.

Já Bia Kicis — cujo o nome foi lançado por Joice Hasselmann para a presidência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara — comparou os onze ministros do Supremo a imperadores e prometeu guerra ao ativismo judicial e disparou: “O maior inimigo do Brasil hoje é o Supremo Tribunal Federal. Mexer no STF fará bem ao país. Essa pauta não é minha, mas da sociedade e dos meus eleitores. Eu quero causar desconforto às suas excelências”.

Essa não é uma guerra nova da ex-procuradora, que lembrou ter sido autora de três pedidos de impeachment: um contra a ex-presidente Dilma Rousseff, outro contra o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot e o último contra o atual presidente do STF, ministro Dias Toffoli.

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