(matéria atualizada com explicações e nota do deputado)
O problema na sucessão do presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), é que terá que haver um mandato tampão de apenas sete ou oito meses, até fevereiro do ano que vem, quando então se elegerá o novo presidente para os dois anos da legislatura seguinte.
Então os nomes já em campanha não querem esse mandato tampão. Seriam, por exemplo, os deputados Jovair Arantes (PTB-GO), Rogerio Rosso (PSD-DF) e Osmar Terra (PMDB-RS). Este último licenciado para comandar o Ministério do Desenvolvimento Social. Estão se guardando para a eleição em fevereiro.
Restam agora, então, os nomes daqueles que têm assumido a presidência das sessões da Câmara, já que o atual presidente em exercício, Waldir Maranhão (PP-MA), tem sido hostilizado pelo plenário.
Destes, o mais forte no momento é o atual 2º vice-presidente da Câmara, Fernando Lucio Giacobo (PR-PR), que tem comandado a maioria das sessões sob elogios da base governista.
Sobre o deputado, o Wikipedia afirma: “já foi réu no STF (Supremo Tribunal Federal) em três ações, envolvendo falsidade ideológica, formação de quadrilha, sonegação de impostos, e até sequestro e cárcere privado. Todas prescreveram.”
Mais, em setembro de 2004 Giacobo concedeu entrevista ao jornal “Folha de S.Paulo” em que admite ter ganho 12 vezes nas loterias da Caixa Econômica Federal, num curto período de 14 dias em junho de 1997, totalizando à época R$ 134 mil.
Esse valor, atualizado pelo IGP-M daria hoje cerca de R$ 610 mil.
Na explicação do deputado ao jornal, a premiação ocorreu porque Deus “deu uma olhadinha lá e uma benzida”.
Em tempo: Giacobo reclamou com o ministro-chefe de Governo, Geddel Vieira Lima, não ter sido chamado para as reuniões de líderes no Palácio do Planalto. Geddel explicou que não ficaria bem o presidente das sessões participar de uma reunião de líderes, se nem lider ele é.
(Nota da redação. Após a publicação do post, a Assessoria de Giacobo enviou a Os Divergentes a seguinte declaração do deputado: “Fui sorteado apenas em uma ocasião. O fato ocorreu quando não fazia parte da vida pública. No ano de 96, aos 26 anos, participei de bolão com um grupo de funcionários da mesma empresa quando foram jogados cerca de 2 mil bilhetes em jogos esportivos. 12 cartelas foram premiadas, e o valor do prêmio dividido entre os funcionários. Com o total dos prêmios, recebi cerca de R$ 124 mil reais. O dinheiro recebido na aposta de forma legítima foi declarado no Imposto de Renda de 96/97”).
A título de ilustração, vale a pena ler a entrevista que o deputado concedeu à “Folha” na época (e, mais abaixo, mais detalhes do email enviado pela Assessoria de Giacobo).
A entrevista à “Folha de S.Paulo”:
Folha – No ano de 97, o sr. venceu 12 vezes em jogos diversos…
Fernando Lucio Giacobo – É.
Folha – A que o sr. atribui essa seqüência de vitórias?
Giacobo – [Rindo] O que que você acha?
Folha – Não tenho a mínima ideia.
Giacobo – Tem como atribuir [a algo diferente] quando o cara ganha num sorteio alguma coisa?
Folha – À sorte?
Giacobo – Ué, só tem isso né, tchê. Só tem sorte. E Deus, ele deu uma olhadinha lá e uma benzida. Eu não joguei mais, isso foi há muito tempo. Se você somar todos os bilhetes, não dá R$ 100 mil.
Folha – Deu R$ 134 mil.
Giacobo – É uma fortuna, né, tchê, perto do que Maluf rouba e os outros fizeram aí.
Folha – Por que motivo o sr. resolveu parar de jogar?
Giacobo – Eu nunca parei… Eu até jogo, mas não jogo mais com freqüência, não jogo mais na loteria esportiva, só jogo na loto.
Folha – Na época o sr. jogava quanto?
Giacobo – Não me lembro, chefe. Faz tantos anos, né, faz quantos anos isso, companheiro?
Folha – Em 1997.
Giacobo – Para você ter uma idéia, eu não era nem filiado a partido nenhum.
Folha – O que chama a atenção é que tudo ocorreu num único mês, em jogos diversos. O que ocorreu neste mês preciso?
Giacobo – Rapaz, deve ter sido um mês que eu devo ter jogado bastante. Você vai lá, consulte a Caixa, manda a Polícia Federal averiguar se o jogo não é quente, aí você me liga se não for.
Folha – O sr. costumava jogar em que lotérica nessa época?
Giacobo – Não me lembro.
Folha – Não se lembra também.
Giacobo – Sete anos atrás. Mas eu não estou entendendo por que você está… Só por que eu sou político você quer averiguar isso?
Folha – É pelo volume num curtíssimo espaço de tempo.
Giacobo – Ah, mas você não acha que é muito dinheiro? Eu quero saber se chama a atenção R$ 130 mil para você.
Folha – Acho que é muito acima de um salário mínimo.
Giacobo – Se alguém for roubar, para ganhar R$ 130 mil é muito pouco, né?
Folha – O sr. acha que acima de quanto seria muito?
Giacobo – Não, o cara que vai roubar, vai fazer alguma coisa, por causa de 130 pilas? Não estou dizendo que é pouco. Roubar um centavo é muito.
Folha – O sr. acertou no dia 5 de junho, 17 de junho, 19 de junho, às vezes duas vezes num mesmo dia com dois jogos diferentes…
Giacobo – Pura sorte, hein. Pura sorte. Juro por Deus. Eu sou um cara de muita fé.
Folha – Na hora do sorteio, o sr. se valeu de algum método…
Giacobo – [Interrompendo] Mas como é que vai valer? Você acha que um cara da Caixa vai se sujar, vai querer comprar… Se você souber de alguém que consegue comprar o resultado, você me fala que nós vamos denunciar para a polícia. Você acha que eu vou querer fazer isso para roubar R$ 130 mil? Não faço nem por um centavo.
Folha – A pergunta é se o sr. se valeu de um método para jogar.
Giacobo – Ah, nenhum. Só sorte. Bolão, bolão. Eu não me lembro.
Agora as explicações da Assessoria sobre os processos:
Atualmente, o parlamentar não responde a qualquer Ação ou está em qualquer inquérito, segue nada consta do STF e Justiça Eleitoral.
– Sobre sonegação fiscal, a questão foi resolvida junto à Receita Federal e o inquérito foi arquivado no STF, nem chegou a virar ação. (veja anexo)
– Cárcere privado, dentro dos autos já constava a retirada da denúncia feita pelo próprio autor, quando foi arquivada.
– E formação de quadrilha, talvez, seja desta ação: