A maratona de reuniões dos ministros Onix Lorenzoni, da Casa Civil, e Paulo Guedes, da Economia, com parlamentares de vários partidos nesta terça-feira (2) parece ter resolvido de uma vez por todas o clima de animosidade entre o Congresso e o Planalto. Só Parece.
Embora os discursos para o público tenham sido de paz e harmonia entre ambos, o caldeirão ainda ferve. Muitos parlamentares desconfiam das intenções do governo em negociar. Nas conversas de bastidores, deputados e senadores continuam a tecer críticas ao governo e não se mostram muito interessados em aprovar projetos que desgastem a imagem do parlamento sem uma boa conversa.
O morde e assopra do Congresso com o governo deve continuar. Câmara e Senado jogam juntos. Ontem à noite, enquanto os plenários das duas casas ferviam com votações, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, deixou o salão verde rumo ao plenário do Senado e, sentado ao lado do colega Davi Alcolumbre, saboreou um chá assistindo a sessão. Não foi uma visita de cortesia, foi uma demonstração de união.
“Viemos mostrar que a Câmara e o Senado estão unidos nessa questão da PEC do Orçamento”, disse o líder da Maioria na Câmara, Agnaldo Ribeiro, que acompanhou Maia ao Senado. Ele falava sobre a votação da PEC do Orçamento Impositivo, aprovada semana passada na Câmara, e que será votada hoje pela manhã na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado e à tarde no plenário.
A PEC, apesar de ter sido amenizada no Senado pelo relator na CCJ do Senado, Espiridião Amim, continua sendo uma “pauta bomba” para o governo. Maia disse não ter se importado com as alteração ao texto aprovado pela Câmara e garante que logo após o feriado da Semana Santa ela será votada pelos deputados.
A PEC foi apenas a desculpa. Ao sentar ao lado do colega na Mesa do Senado, Maia deixou clara a sinalização de que as duas casas estão juntas para barrar o que quiser e fazer o governo engolir o que não quer.