O brilho de Gilberto Gil ofusca medíocres ressentidos ou, no mínimo, seres humanos desinformados. As posturas das instituições diante da barbárie nos provocam a refletir sobre ódio e esperança.
Fico pensando nos vereadores de Florianópolis (a maioria) que se prestaram ao desserviço e ao vexame de apostar no preconceito e na onda reacionária. O preconceito tem vários nomes, entre eles o racismo. A aversão a drogas ilícitas na conhecida violência policial envolvendo Gilberto Gil, há décadas, endossa e perdoa a prisão arbitrária, ao arrepio da Lei em Florianópolis (junho de 1976). Afinal, na ditadura e sistemas não democráticos as instituições costumam ser menosprezadas e substituídas pela vontade de autocratas e seus sicários de plantão.
No fundo a questão era e continua a ser política. O gênio baiano é um homem humanista, e um humanista é progressista. Foi Ministro da Cultura da frente petista. E notório antibolsonarista. Isso é imperdoável. Crime de lesa majestade para os coveiros da cultura.
Já a UFSC firma na história, sob o comando do Professor Dr. Irineu Manoel de Souza, um grande Reitor, magnífico em todos os sentidos, o registro do reconhecimento ao excepcional homem público que é Gilberto Gil Orgulho do Brasil. Doutor Honório causa.
A UFSC recupera com louvor uma intervenção nacional em prol da cultura, homenageando um imortal da ABL e um cidadão octogenário em plena luta por democratização.
Os vereadores que votaram contra a concessão de Cidadão honorário de Florianópolis ao insigne intelectual deram um triste atestado dos tempos protofascistas.
A prefeitura marcou um golaço. O prefeito Topázio Neto portou-se como verdadeira autoridade, trocando presentes com o grande compositor, cantor, diante do espetáculo que marcou o encerramento da maratona cultural da cidade, dia 26 e março. Outro registro da boa política, democrática e justa.
Barbárie ou civilização?