O mundo da educação em todos os níveis foi sacudido pela pandemia, mas muitas mudanças já estavam a caminho. Nesse artigo que arrisquei em 1996 (!!), tentei imaginar o que poderia ser o futuro da Educação. O pior é que ainda está atual em grande parte.
A pandemia forçou decisões e ações nessa área (isso foi muito bom), mas as pessoas Escolas, professores e alunos) tentaram na maior parte, reproduzir o ambiente de uma sala de aula e “transmitir” uma aula exatamente como acontecia dentro dessas salas.
Mas temos um grande desafio pela frente: Conseguir cumprir o ODS (Objetivo de desenvolvimento sustentável) número 4 da ONU até 2030 e que estabelece:
“Assegurar educação inclusiva e equitativa de qualidade e promover oportunidades de aprendizado por toda a vida para todos”.
Certamente esse objetivo não vai ser alcançado com métodos convencionais (presenciais). “Para todos” significa algo perto de 9 bilhões de pessoas. Muitas metodologias já foram desenvolvidas e implantadas no últimos anos e deve ser esse o caminho híbrido que devemos retomar e avançar.
Precisamos tornar o aprendizado em algo E.P.A.! EFICAZ – PERMANENTE – AGRAD-ÁVEL: EFICAZ = focado no aluno e no aprendizado.
Útil. Eficácia é qualidade; PERMANENTE = aprendizado contínuo, constante, lifelong learning, ao longo de toda a vida; AGRADÁVEL = motivador, desafiador, recompensador, atraente, feito de modo a gerar interesse para a continuidade e evitar o abandono/ evasão.
Que tipos de metodologias e ferramentas (COMO?) de apoio ao EaD vão (devem) ser cada vez mais usados:
• Adaptive Learning. Aprendizagem adaptativa, personalizada. Avaliação anterior identificando o que o aluno já conhece e oferecendo especificamente para ele o que falta;
• Micro Learning – Micro Cursos; Unidades de aprendizagem pequenas de forma a manter o interesse e foco do “aprendente”;
• Mastery Learning – Testar o conhecimento e garantir a progressão apenas quando a micro lição tiver sido absorvida completamente;
• Analitics/ BI / IA – Completando o “adaptive”, identificando, além do conteúdo, a melhor forma de aprendizado individual (video, texto, som, tabelas, jogos, …);
• Gamificação – Apresentação de desafios e progressos, competição, subida de níveis..;
• Heutagogia – O foco no adulto é a andragogia. A Heutagogia, um passo além disso, é o auto aprendizado, self paced, autônomo. Quanto mais adulto, mais o foco deve ser Heutagógico. Nas criança e mais jovens o apoio pedagógico e social (com algum hibridismo) ainda se mantém importante.
• Professores/ Curadores. O papel dos professores tem que ser cada vez mais o de “curador” de conteúdo, selecionando, avaliando, indicando conteúdos e provocando, desafiando e motivando os alunos dentro das metodologias listadas.
• Metodologias Ativas – Trabalhar por projeto, por desafios, sala de aula invertida, peer correction, trabalho em grupos anyplace…
E em que tipos de conteúdos/habilidades (O QUE?) os alunos devem ser capacitados para enfrentar esse mundo até o ano 2030?
Não necessariamente os alunos deverão ser formados nas novas profissões que existirão nos próximos anos (nem mesmo sabemos quais serão), mas devem ser habilitados em profissões antigas que serão impactadas por tecnologias de automação e nuvem que estão emergindo. Essas tecnologias podem ser resumidas em:
IoT – Internet das coisas. Sensores de todos os tipos conectados a todos os tipos de equipamentos, cabos, tomadas, roupas, acessórios, etc e enviando esse sinais para sistemas pré definidos que vão gerar informações e decisões;
RV/ RA – Realidade Virtual/Aumentada. Criação e recriação de ambientes dentro da Internet, ou simulação de eventos no mundo real (O Metaverso que está na moda será baseado nisso);
Drones – Equipamentos capazes de voar (ou submergir), controlados a distância e capazes de observar, fotografar, levar equipamentos, materiais e encomendas;
Impressoras 3D – Capazes de imprimir objetos, desde nano objetos até casas e pontes, em um modo local e sem necessidade de transportes ou envios;
IA/ Robotização/ Big Data/ Analytics – Nessa categoria estão várias formas de tomadas de decisão baseadas em algoritmos, automação e movimentações controladas;
E, pra finalizar, as habilidades sócio-emocionais tanto para alunos, quanto para professores, os chamados soft skills.
Soft Skills – Em qualquer profissão, serão fundamentais as habilidades que vão além do conhecimento (hard skills). Aquelas que são inerentes ao ser humano, como a curiosidade levando à criatividade, trabalho em equipe, empatia, liderança, espírito empreendedor, raciocínio lógico…
Vamos para a Educação E.P.A?
— Paulo Milet é consultor em gestão, Inovação e EaD, Presidente do Conselho de Educação da ACRJ, formado em Matemática pela UnB, com pós em Administração Pública pela FGV.