Não são só os seus 71 anos que fazem do senador Jader Barbalho (PMDB-PA) um dos políticos mais experientes do momento.
É também pelo seu currículo, por ter sido presidente do Senado, governador de seu Estado, vitorioso e derrotado várias vezes, que Jader hoje é ouvido como um dos mais experientes protagonistas da cena política das últimas décadas.
Do alto dessa experiência, enquanto a presidente da República afastada, Dilma Rousseff, depunha no processo de impeachment, Jader fazia sua avaliação a um grupo de interlocutores no Cafezinho do Senado:
“Estamos vivendo um momento histórico. A Dilma teve uma atitude muito digna de vir aqui enfrentar a situação pessoalmente. Não ganhará votos no Senado com seu depoimento. Mas falou para a história. Era o que ela podia fazer, e o fez bem.”
Jader, cujo filho é o ministro da Integração Nacional, Helder Barbalho, muito provavelmente será um dos votos favoráveis ao impeachment. Não por julgar que a presidente cometeu crime de responsabilidade, mas por acreditar que ela não tem mais condições de governabilidade.
O senador, no entanto, prevê um futuro complicado:
“Preparem-se. Virão por aí tempos muito difíceis.”
Como assim?
“A começar pela Operação Lava Jato. Passado o impeachment, os procuradores virão com tudo, com acusações para todos os lados, contra políticos de quase todos os partidos.”
E a economia? E o governo Michel Temer?, perguntam os interlocutores.
“Temer vai ter que decidir se vai atrapalhar seu governo com a sua base parlamentar, ou se vai governar para a história. Se fará o que o país precisa que seja feito, independentemente de barganhas e pressões. O novo governo terá de 90 a 120 dias de armistício, depois disso saberemos como ficarão as coisas.”
Não são previsões bombásticas. Mas expressam bem o balanço que a maior parte dos políticos mais experientes do Congresso fazem desse processo de impeachment e do que deve vir por aí no futuro.