Renan, Eunício e Jucá fazem dança das cadeiras

Na reunião de líderes do Senado desta terça-feira, como se sabe, o PSDB ganhou do PT a primazia para indicar presidente ou relator da comissão de admissibilidade do processo de impeachment.

Como os dois partidos têm o mesmo número de senadores, o critério de desempate foi o tamanho do bloco parlamentar integrado pela agremiação.

Foi aí que o líder do PMDB, Eunício Oliveira (CE), pediu um aparte: “Só aceito se constar em ata que essa contagem por blocos não será um precedente para a composição, no futuro, de outras comissões e da Mesa Diretora.”

A imposição tinha endereço certo: Eunício é pré-candidato à sucessão de Renan Calheiros como presidente do Senado, no ano que vem. E ele quer se prevenir para que não se forme algum bloco parlamentar maior que o PMDB, tirando do partido o direito à indicação.

Ao sair da Presidência, Renan pode querer voltar a ser líder do partido, garantindo com isso a mesma repartição do poder peemedebista no Senado entre ele e Eunício.

Jucá já esteve interessado em se candidatar a presidente, mas como o atual líder tomou a dianteira, passou a habilitar-se para a liderança da bancada. E notando a tabelinha entre Renan e Eunício, resolveu apostar suas fichas no presidente nacional do partido e vice-presidente da República,  Michel Temer.

Eunício, por sua vez, não se preocupa com a proximidade entre Jucá e Temer. Acha que já tem um relacionamento mais antigo com o presidente da legenda, desde quando ambos eram deputados.

Mas, de qualquer maneira, os dois já estão se acertando algumas cotoveladas por baixo do pano.

Jucá tem pressionado Renan Calheiros para apressar a tramitação do processo impeachment. Eunício  não. Tem defendido o ritmo que o presidente do Senado está impondo, “nem tão rápido, nem tão devagar”.

Mais. Jucá queria que o PMDB ficasse com a relatoria ou a presidência da Comissão do Impeachment. Eunício barrava, sob o argumento de que isso exporia a bancada a um desgaste e ao risco de rachar.

O líder chegou a sondar Blairo Maggi (PR-MT) e Ana Amélia (PP-RS). Mas Jucá acabou ganhando a parada e a presidência da Comissão ficou para Raimundo Lira (PMDB-PB).

Enfim, nos últimos tempos os dois vêm se desentendendo como nunca. E a tendência é a disputa esquentar.

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