Estratégia do PT descarta Dilma e aposta na volta de Lula

Aprovada a admissibilidade do processo de impeachment no Senado, o PT vai apresentar a presidente Dilma Rousseff como  vítima de um golpe parlamentar capitaneado pelo PMDB e pelo PSDB e apostar todas as fichas na desestabilização do governo Michel Temer.

Até aí, tudo bem. Todo mundo sabe.

Mas a grande aposta do partido não é a volta de Dilma ao governo, caso Temer não consiga governar.  Isso é o que os petistas falam publicamente.

Na verdade o  Partido dos Trabalhadores nunca considerou Dilma como uma integrante legítima da legenda. E muito menos os integrantes da cúpula partidária têm simpatia pessoal pela presidente, embora a considerem uma mulher honesta. Avaliam que, enquanto governou, ela tratou mal o PT e até o ex-presidente Lula.

Nesses dias de fim de governo, Dilma está cada vez mais isolada dentro do Palácio. Dos ministros petistas históricos, ela confia e troca confidências apenas com o advogado geral da União,  José Eduardo Cardozo, e o ministro da Educação, Aloizio Mercadante.

Considera aliados do ex-presidente Lula, e não dela, o chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, e o ministro das Relações Institucionais, Ricardo Berzoini.

Quando Lula voltou a participar da articulação política para tentar salvar o governo, um argumento usado pelo ex-presidente para conseguir arregimentar de volta os petistas foi de que, em caso de vitória, ele seria o presidente de fato, não Dilma.

Nas conversas reservadas, os petistas culpam Dilma pela crise. Afirmam que no primeiro instante do primeiro governo ela tentou se livrar do partido e até de Lula, quando implementou o marketing da “faxina na Esplanada”.

Um ministro petista chegou a argumentar que, se o impeachment não passar, Dilma voltará a ser autoritária e a determinar o afastamento do PT das decisões. Ao que Lula respondeu.  “Aí o que vocês têm de fazer é desobedecer.”

A verdadeira aposta do PT na falta de legitimidade de Michel Temer para governar é que o vice também acabará afastado da presidência e, então, serão convocadas novas eleições.

Ou porque o Tribunal Superior Eleitoral cassará a chapa Dilma-Temer, ou porque o Congresso, com o apoio dos tucanos, aprovará uma emenda de antecipação das eleições presidenciais de 2018.

A antecipação das eleições, aliás, foi assunto da conversa entre Lula e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), na terça-feira. Mas Renan disse ao ex-presidente não acreditar na aprovação de uma emenda constitucional para este fim.

O fortalecimento da tese de antecipação das eleições dentro do PT é mais um sintoma de que o partido descarta a volta de Dilma à Presidência.

Na verdade, em caso de novas eleições, o candidato do PT é um só: Luiz Inácio Lula da Silva.

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