Dilma: nem Collor, nem Sarney, mas reinvenção

O que será da presidente Dilma Rousseff ao deixar o cargo? Já há quem diga que ela estará marcada como a pior presidente da história.

Não é bem assim. Só na história recente da República, Dilma tem dois concorrentes fortes com quem competir pelo título de maior fracasso no comando do país, os ex-presidentes Fernando Collor de Mello e José Sarney.

Quem viveu esses dois governos, sabe.

Ambos, como Dilma, saíram com índices de popularidade ao rés do chão.

O primeiro deixou a presidência sob processo de impeachment, como Dilma, mas saiu com uma reputação pessoal incomparavelmente pior.

O segundo não sofreu impeachment, mas deixou o país com a economia completamente desorganizada e uma hiperinflação de 81% ao mês, em março de 1989. Sabe o que é inflação de 81% ao mês? Dá para imaginar?

Dilma sai sem ninguém colocar em dúvida sua honestidade pessoal. E a economia vai mal, mas está longe da desorganização e da hiperinflação do período Sarney.

Mas os dois tinham uma diferença em relação a Dilma que é determinante para o futuro político de cada um: Collor e Sarney sempre possuíram força política própria, eram caciques em seus estados.

A presidente Dilma Rousseff não tem força política pessoal alguma. Foi uma invenção do ex-presidente Lula, nunca eleita para qualquer mandato. E também jamais foi encampada pelo seu partido, o PT.

Essa força política pessoal fez com que, bem ou mal, Collor e Sarney sobrevivessem na política, apesar dos revezes por que passaram.

E Dilma? Vai sobreviver?

É uma incógnita. Seu partido, o PT, já está completamente voltado para o ex-presidente Lula.  Mesmo sabendo que não será fácil, hoje o PT deposita suas esperanças de voltar ao poder em 2018 numa recandidatura de Lula.

Dilma será utilizada pelo PT como uma vítima, um símbolo do golpe que as elites políticas teriam perpetrado contra o modelo de política de distribuição de renda implantado pelo governo Lula.

Mas isso não lhe garante vida própria na política. Talvez uma ou outra palestra, um ou outro convite para algum evento do PT e das centrais sindicais.

Para sobreviver com o tamanho que uma ex-presidente merece, Dilma Rousseff terá que se reinventar. Vamos ver se consegue.

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