Pesquisa Datafolha não mata as expectativas de Tebet

A única conclusão óbvia, até agora, com essa pesquisa atual, é que a candidatura de Bolsonaro está fadada ao fracasso. Nas próximas, as mudanças podem ficar mais claras.

Senadora Simone Tebet também candidata - Foto Orlando Brito

Vi as primeiras manchetes dos jornais comentando a mais recente pesquisa do Datafolha e concluí: assunto encerrado. A terceira via morreu!

Mas, só que não!

A única conclusão óbvia, até agora, com essa pesquisa atual, é que a candidatura de Bolsonaro está fadada ao fracasso. Perde pra Lula e Ciro no segundo turno e, contra Lula, pode dar a vitória ao PT ainda no primeiro turno.

Ciro Gomes – Foto Orlando Brito

Se, por um motivo fortuito qualquer, Lula não disputasse, seus votos seriam herdados por Ciro, que bateria Bolsonaro no segundo turno.

Com um índice de rejeição estável em mais de 50%, uma virada de Bolsonaro é muito difícil. Além do fato da paulada recebida em função do caso MEC, nessa semana, ainda não ter sido medida pela pesquisa.

E a assim chamada terceira via, representada principalmente pela candidata Simone Tebet?

As possibilidades  não morreram com essa pesquisa. Um oscilação de 2% pra 1% em uma pesquisa com margem de erro de 2% não significa nada. O numero real pode estar entre 0 e 4%. Além disso, um erro de 2% em 50% tem um significado, enquanto que um erro de 2% em 2%, obviamente tem significado completamente diferente.

Mas vamos aos números mais interessantes, escondidos nas entrelinhas da pesquisa:

1) Sobre o desconhecimento, a pesquisa mostra que em 30 dias, o índice de desconhecimento sobre a candidata ficou estável em 77%; sendo que, entre as mulheres é de 84%, entre os jovens 86%, Ensino fundamental 85%,  idem para renda abaixo de 2 S.M. Os menores índices de desconhecimento correspondem aos de mais idade 72%,  escolaridade 54% e renda  52%; A destacar também que mesmo entre os eleitores do MDB e do PSDB o desconhecimento é da mesma ordem de 70%;

Foto Wilson Dias/Agência Brasil

2) Na questão se o seu voto pode mudar, o índice continua em 29%, sendo que nas mulheres é 34% e entre os jovens é 39%;

3) Na questão que pergunta, ” se vc não votar em X, em quem poderia votar?”, Simone sai de 3% para 6% em 30 dias no geral (fora da margem de erro), sendo que, com nível superior, passou de 3 pra 10%! Na faixa de renda maior que 5 S.M. passou de 2% pra 20%! Na idade acima de 45 anos ficou em 9% e em 11% na idade acima de 60%.

4) Podemos notar a coerência entre os itens 1 e 3 acima. Quanto menor o desconhecimento (maior conhecimento), maior a possibilidade de levar o voto. A destacar que as faixas de renda, escolaridade e idade maiores são tradicionalmente considerados formadores de opinião. (Atenção nas próximas pesquisas!);

5) A rejeição da candidata está em 14%, a menor entre os principais candidatos.

Bolsonaro e Lula, as duas candidaturas já praticamente definidas

Enfim, como no geral 30% admitem mudar o voto, sendo que nos optantes por Lula e Bolsonaro isso está na casa de 20%, um terceiro candidato pode entrar na faixa dos 20% no primeiro turno e disputar com o Presidente a segunda vaga para o segundo turno. Essa hipótese ficaria mais concreta ainda se, para os eleitores de Bolsonaro, ficasse claro que ele não teria chances contra Lula no segundo turno.

Nas próximas pesquisas com repercussão do caso do ex-ministro da Educação e com a diminuição do desconhecimento sobre os candidatos, as mudanças podem ficar mais claras. Seria interessante ver a estimativa de Simone Tebet no segundo turno contra Lula e Bolsonaro. Esse item não aparece na pesquisa Datafolha.

Haddad – Marcelo Camargo/Agência Brasil

Só para lembrar: Em 1998, em Junho, o DATAFOLHA fez esse comentário na sua pesquisa mensal – “Com Lula fora da corrida presidencial e Haddad como candidato do PT, Bolsonaro (19%) lidera, e Marina (15%) surge em patamar próximo. Na sequência surgem Ciro (10%), Alckmin (7%), Dias (4%), Manuela (2%), Maia (2%) e Haddad, Meirelles, Collor, Rocha, Alencar, Fidelix, Amôedo e Boulos, cada um deles com 1%. Os demais foram citados mas não atingiram 1%, uma fatia de 28% declarou voto em branco ou nulo, e 5% preferiram não opinar”.

Geraldo Alckmin – Foto Orlando Brito

O resultado no primeiro turno nos votos válidos, foi: Bolsonaro 46%, Haddad 29%, Ciro 12%, Alckmin 5% e os outros com menos de 2%, incluindo Marina Silva com 1%. O não voto (brancos, nulos e ausência) teve 30%.

Muitas mudanças podem ocorrer em 100 dias!

– Paulo Milet, Matemática/UnB com Pós em Adm. Pública /FGV,  é consultor e empresário nas áreas de TI, Gestão e Educação a Distância, Presidente do Conselho de Educação da ACRJ, Diretor da TIRIO/RIOSOFT e sócio-Diretor da ESCHOLA.COM

 

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