Sem apoio da bancada evangélica no Congresso e com denúncias pipocando pela imprensa sobre a atuação de um gabinete paralelo no Ministério da Educação comandado por pastores, a situação de Milton Ribeiro está cada vez mais complicada. Talvez seja questão de horas sua exoneração do cargo, embora o senador Flávio Bolsonaro, o filho 01 do presidente, tenha se apressado em defendê-lo e garantir que Milton continuaria ministro num eventual segundo mandato do pai. Mas dificilmente Bolsonaro deve segurá-lo por estarmos em ano eleitoral.
Há alguns dias o jornal O Estado de São Paulo vem denunciando a existência de um gabinete paralelo no MEC, comandado pelos pastores Arilton Moura e Gilmar Santos, ligados à Assembleia de Deus. Mas a coisa piorou muito com o áudio de uma conversa do ministro com prefeitos, vazada na última segunda-feira (21) pela Folha, na qual ele envolve diretamente o presidente da República, ao afirmar, categoricamente, que recebeu “um pedido especial de Bolsonaro” para que atendesse “a todos os que são amigos do pastor Gilmar”.
Ficou ainda mais insustentável com a denúncia do prefeito Gilberto Braga (PSDB), do município maranhense Luís Domingues, de que o pastor Arilton pediu um kg de ouro e mais R$ 15 mil para conseguir a liberação de recursos no Ministério da Educação de acordo com Braga, o pedido foi feito no restaurante Tia Zélia, na Vila Planalto, na presença de outros políticos.
Em ano eleitoral um escândalo desse porte tem potencial para queimar qualquer candidatura. A oposição não perdeu tempo e os parlamentares já acionaram o Supremo Tribunal Federal (STF), o Tribunal de Contas da União (TCU) e o Ministério Público Federal (MPF) para que investiguem o ministro e o próprio presidente. O conjunto da obra é tão escancarado que até o procurador-geral da República, Augusto Aras, abriu uma investigação.
Além disso, integrantes da Frente Parlamentar Mista da Educação da Câmara dos Deputados já começaram a recolher assinaturas para a abertura de uma Comissão Parlamentar Mista para investigar as denúncias contra o ministro. CPI é sempre um problema. Mesmo que não resulte em nada como a da Pandemia, mas há sempre um desgaste.
Até agora o presidente não se pronunciou oficialmente sobre o caso, apenas o vice, Hamilton Mourão, minimizou o escândalo, o que não quer dizer nada. Afinal, até as pedras da Esplanada sabem que os o presidente e o vice não comungam da mesma opinião.
O fato é que esse escândalo só reforça o mal que o governo Bolsonaro tem feito à educação do Brasil como um todo. Nunca fomos exemplo de país em relação à educação. Nunca ocupamos as primeiras posições nos rankings mundiais da educação, como o Pisa, mas certamente o governo atual vai piorar ainda mais a nossa situação.
Desde que assumiu o mandato, Bolsonaro buscou usar o Ministério da Educação como base para implantar seus ideias, sejam ideológicos ou religiosos. Nos dois casos, foi um desastre. Ricardo Velez foi breve em sua passagem no ministério, mas não deixou nada de relevante.
Abraham Weintraub, segundo a ocupar o posto, só criou confusão, até ser demitido por pressão do Congresso e dos próprios colegas ministros. A ministra Tereza Cristina teve sérios problemas com o nosso maior comprador de Carnes, a China, provocados pelo ministro da Educação.
Milton Ribeiro vinha se mantendo no cargo apesar dos problemas registrados no Enem e das bobagens que falava a cada entrevista. As denuncias do envolvimento de pastores que pedem até ouro em troca de liberar verbas para os municípios, mostram que realmente a educação sob a gestão Bolsonaro se degradou de vez.
O Brasil levará décadas para se recuperar de tantos estragos…