Hora de conciliação

Chega de comemorar vitória ou provocar adversários, a hora é de arregaçar as mangas e reconstruir um Brasil melhor

Lulistas em Brasília - Foto Orlando Brito
Carla Zambelli e Roberto Jefferson

Assim como muitas pessoas que conheço, só tive coragem de colocar adesivo no meu carro poucos dias antes da eleição. É impossível não reconhecer que a turba bolsonarista é muito violenta e costuma andar armada. Carla Zambeli e Roberto Jeferson são provas disso.

Apesar do medo e da insegurança, resolvi dar minha cara a tapa e colei um Lula 13 no vidro traseiro. Aproveitei a lufada de coragem e coloquei também uma bandeirinha vermelha na janela.

A bandeirinha foi quebrada no sábado, enquanto estava estacionada, muito provavelmente por um apoiador do Jair. Restou o adesivo. No domingo, como num ato de coragem coletiva, vi vários outros carros com manifestações pró-Lula.

Foto Rede Sociais

Passada a eleição e a emoção da apuração, a semana começou tranquila. Mais tranquila do que eu poderia imaginar. Decidi tirar o adesivo antes de sair de carro logo no início da manhã de segunda. A hora agora é de virar a página da eleição e tentar a conciliação.

Hora de curar as feridas e consertar as fraturas, as que valem ser consertadas, claro. Não cabem provocações ou rompantes de superioridade, nem excesso de comemoração, o dia disso foi domingo.

A hora é de arregaçar as mangas e tentar reconstruir pontes que foram dinamitadas. De tentar fazer da terra arrasada um lindo prado. De tentar, enfim, unir os sonhos dos brasileiros. No fundo, no fundo, todos, da esquerda à direita democrática, queremos a mesma coisa: um Brasil melhor!

Discurso de Bolsonaro no 7 de Setembro, em Brasília – Foto Reprodução CNN

Mas, para termos um Brasil melhor, não dá para esquecer o período de trevas e barbárie pelo qual passamos. Alguns eventos e certos discursos devem ser lembrados como exemplos a serem rechaçados sempre. O tempo da terra plana, da exaltação à tortura, da saudade da ditadura, do estímulo ao armamento, da rejeição à ciência, do sucateamento da cultura e da educação e do uso político da fé ficou para trás, espero, mas ele existiu e teve muitos adeptos. Convém que isso fique na memória do nosso povo para que não seja repetido jamais.

Como já vi em algumas postagens por aí, a partir de 1º janeiro, a hora vai ser de fiscalizar o governo Lula. Ele tem muitos compromissos a cumprir e estaremos de olho. Essa história de mito imbrochável, cujas ações e palavras mais estapafúrdias eram sempre justificadas, ficou para trás.

– Cláudia Abreu é jornalista

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