Barata voa no ninho tucano

O vai vem de João Dória e a desistência de Sérgio Moro da corrida ao Palácio do Planalto mexem diretamente no tabuleiro da sucessão presidencial

Há alguns dias uma movimentação estranha vinha acontecendo no ninho tucano com penugens flutuando sobre o ninho, demonstrando que a aparente calmaria estaria prestes a se transformar em rinha de galo. A decisão do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, de renunciar ao mandato e se manter no PSDB foi o prenúncio da guerra. Nesta quinta-feira, a batalha começou com a decisão do governador João Dória de se manter à frente do governo de São Paulo, desistindo da candidatura à presidência da República. Penas voaram para todos os lados e as lideranças partidárias correram para recolhe-las antes que o estrago seja ainda maior.

Dória foi escolhido candidato do PSDB à presidência nas prévias do ano passado, mas nunca conseguiu unir o partido. Seu fraco desempenho nas pesquisas de opinião pública – jamais ultrapassou 2% das intenções de votos – aumentou ainda mais a guerra interna. Os desafetos do governador, o mais notório é o deputado Aécio Neves, jamais o aceitaram como candidato e nem acreditam que a sua decisão seja pra valer.

Governador Eduardo Leite

A confusão interna do PSDB não é apenas troca de bicadas entre os tucanos. Ela afeta diretamente a sucessão presidencial, sobretudo a candidatura da chamada terceira via. Eduardo Leite é visto como um nome mais agregador e com capacidade para atrair o voto dos mais jovens e dos indecisos. Fala bem, nunca se envolveu em escândalo de corrupção, pelo menos que tenha vindo à público, e não tem um índice de rejeição tão elevado quanto o do colega paulista.

Senadora Simone Tebet candidata – Foto Orlando Brito

Não sei se vai unir o partido. Na época do governo Fernando Henrique diziam que os tucanos não eram solidários nem no câncer. Mas pode abrir espaço para conversas com a candidata do MBD, Simone Tebet, e outros partidos.

A questão é que os desafetos de João Dória no partido veem com certa incredulidade a decisão de desistir da disputa. Acreditam que é mais uma jogada para obter apoio integral do partido que vinha fazendo corpo mole à sua candidatura. O presidente do PSDB, Bruno Araújo, parece ter caído direitinho no jogo e já divulgou uma carta reiterando Dória como candidato do partido à presidência da República.

Somente no sábado teremos a certeza de que a decisão de Dória foi mesmo pra valer. Se não deixar o governo dia 2 de abril, não poderá mais disputar a presidência, apenas a reeleição.

Aliás, sobre a terceira via outro fato noticiado hoje mostra que o tabuleiro está se movimentando. O ex-juiz Sérgio Moro deixou o Podemos, filiou-se à União Brasil, desistiu da corrida pelo Palácio do Planalto e deve concorrer a deputado federal.

Moro, aliás, vinha sentindo as pancadas dos dois principais candidatos – Jair Bolsonaro e Lula – que o elegeram como o grande vilão a ser abatido. Com isso, não conseguiu crescer nas pesquisas. Junto com o ex-procurador Deltan Dallangnol deve formar uma bancada na Câmara para defender pautas de combate à corrupção. Vai ser engraçado ver o próximo presidente – Lula ou Bolsonaro – sendo obrigado a negociar com esse turma. Ah, isso vai….

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