Amigos avisam: se meu candidato perder vou deixar o Brasil

Na época da ditadura era mais fácil e glamoroso ser exilado. O bonde da história passou. Poucos países estão abertos à migração. Assim, resta a chance única de aprendizado sobre divergência e tolerância.

Luiz Inácio Lula da Silva - Foto Orlando Brito

Imaginem uma hipótese estapafúrdia. Metade dos que votaram saindo do Brasil se Lula perder. Outra metade indo para o estrangeiro, se Bolsonaro for derrotado.

Foto: Divulgação/Twitter

Em todo caso, teremos uns 50 a 60 milhões de brasileiros a menos no território nacional, o que criará problemas internos na economia e nas famílias, divididas.

A maioria irá para Portugal, tornando a vida dos portugueses absolutamente insuportáveis. Imaginem, viajando no delírio: para cada português haverá uns quatro ou cinco brasileiros transitando pelas cidades portuguesas. O idioma com o tempo será o brasileiro e o samba acabará com o fado.

Se o autoexílio for para lulopetistas, Portugal, a vida será mais fácil. Lá o presidente é um humanista; o país é mais civilizado em termos de movimentos indenitários, tolerância com drogas; e o aborto é permitido.

Soldados colocaram cravos na ponta dos seus fuzis, durante o levante; a flor, que simbolizava a resistência pacífica, acabou dando nome à revolução – Foto Wikicommons

Já os bolsonaristas vão ter que enfrentar uma cultura na qual a divergência é enaltecida e o armamento fora de questão. A Revolução dos Cravos sepultou definitivamente um certo fascismo salazarista. Talvez bolsomitas devam ir para a Polônia, Hungria, ou Itália, onde a extrema direita chegou ao poder. Mas aí seria pedir muito, aprender polonês ou húngaro. O italiano seria mais fácil, embora a probabilidade da primeira ministra ser defenestrada em breve parece mais coerente com um povo que já fuzilou e dependurou Mussolini.

Dezenas de pessoas compareceram na manhã desse domingo à manifestação de apoio a Jair Bolsonaro – Foto Orlando Brito

Mas pensando bem, somente 1/3 de lulopetistas e bolsominios são de raiz, radicais, igrejeiros, chatos, enfim. 2/3 são normais, conseguem manter um diálogo. Então diminuem radicalmente os candidatos a migrar para o exterior e aumentar para Portugal o tamanho dos problemas com seus imigrantes de esquerda desbotada e de ultradireita fascitóide. Na Polônia e Hungria brasileiros enrolados na bandeira nacional serão logo celebrados como inteligência de baixo escalão para servir a um grande projeto nacional. Outros sob bandeiras vermelhas vão resistir nas milícias stalinistas contra o projeto de inserção de países oriundos do comunismo e pré-capitalista na ordem financeira mundial.

Conclusão. Hoje tudo está tão diferente. Na época da ditadura era mais fácil e glamoroso ser exilado. Agora o bonde da história passou. A democracia liberal existe em poucos países abertos à migração. Os que nela desacreditam resta encarar países sem tradição de liberalismo constitucional. Nos dois casos a chance única de aprendizado sobre divergência e tolerância. Antídotos contra ideologias desbotadas.

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