A tardia condenação de Collor

Enquanto todos os demais políticos condenados pela Lava Jato já circulam livres, leves e soltos, Collor se torna exceção. Antes tarde do que nunca

Fernando Collor, ex presidente do Brasil. Foto Orlando Brito

Com mais de 30 anos de atraso, o Supremo Tribunal Federal (STF) condenou o ex-presidente Fernando Collor por corrupção e lavagem de dinheiro. Falta decidir se deve ser condenado por organização criminosa ou associação criminosa – houve impasse em relação à tipificação criminal neste caso -, e o tempo de cadeia total por cada um dos crimes. O relator, ministro Edson Fachin, estabeleceu 33 anos e 10 meses, mas pode mudar.

Quando sofreu o impeachment, em 1992, Collor havia sido flagrado cometendo os mesmos crimes pelos quais foi condenado. Foi cassado pelo Congresso, mas absolvido pela Justiça. Em 2006, com o escândalo do Mensalão, foi resgatado politicamente. Conseguiu se eleger duas vezes ao Senado representando o estado de Alagoas. Nesse período, apoiou Lula, Dilma, Temer e, nos últimos quatro anos, Bolsonaro. Foi aí que se deu mal.

Brigou com as principais lideranças políticas do seu estado – Arthur Lira e Renan Calheiros – e se manteve ao lado do ex-presidente. Talvez por falta de apoio tenha sido o último político condenado por crimes investigados pela Lava Jato, hoje amaldiçoada pelos três Poderes da República.

Enquanto o ex-presidente amarga a derrota no STF, os outros condenados pela Lava Jato circulam livres, leves e soltos. Alguns, como o ex-governador Sérgio Cabral, condenado a mais de 400 anos pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro, entre outros, virou influencer digital e já conta com mais de 23 mil seguidores apenas em uma rede social com pouco mais de dois meses no ar. Um escárnio!

É, realmente o Brasil é o país da impunidade.

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